A CARREGAR

Type to search

Garden design: As formas de um jardim

Fotografia: Lobo do Mar, RHS

As formas de um jardim traduzem-se no padrão dos seus pavimentos, nas formas das suas plantas e árvores. A preocupação pela planta individual é normalmente o que é mais imediato nas pessoas, não podemos no entanto esquecer que a primeira preocupação ao preparar a estrutura de um jardim deve ser com as formas que vai ter e como estas se relacionam com a volumetria do espaço e da casa.

Um dos designers de jardins mais reconhecidos internacionalmente e que explorou esta área é John Brookes e a sua influência no design de jardins da atualidade é incontornável.

O início do design de um jardim é bastante abstrato e muito relacionado com as formas geométricas e a maneira como se complementam. O conceito vai ser inerente a todas as escolhas que vão ser feitas a partir deste ponto, criando várias formas que fazem parte de um padrão ainda maior.

As formas geométricas e padrões das plantas nomeadamente flores e folhas são a maior fonte de inspiração num jardim, ao percebermos o porquê das suas estruturas e tipos de crescimento podemos aplicar este conhecimento ao design de um jardim.

A aplicação extrema das formas geométricas é evidente em jardins formais, onde quadrados e retângulos são os protagonistas. Esta ideia de formas no jardim pode ser estudada através da história da arquitetura paisagista, os jardins cultivados usavam a geometria por ser mais prático o acesso às culturas, ainda hoje este aspeto esta bem patente.

Com espaços de maior dimensão e a ligação direta com a ascendência social dos seus proprietários começou então a dar-se mais atenção ao que realmente se passava dentro dos canteiros e combinar as plantas tornou-se numa arte, aprimorada a prtir de  anos de prática.

Os espaços formados por avenidas e corredores dominam a paisagem e ao longo da história dos jardins estas formas passaram de estáticas a mais direcionais indicando caminhos e pontos focais.

Com o evoluir dos tempos os grandes jardins tornaram-se espaços abertos ao público, enquanto os jardins privados ficam mais pequenos em termos de dimensão. Esta evolução do espaço doméstico fez com estes se tornassem mais intimistas, mais decorativos e apesar de muitos serem ainda bastante formais as plantações tornaram-se mais suaves e menos constritas.

O movimento Arts&Crafts foi um movimento estético que surgiu em Inglaterra, na segunda metade do século XIX. Defendia o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa e preconizava o fim da distinção entre o artesão e o artista. Fez frente aos avanços da indústria e pretendia imprimir em móveis e objetos o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como designer.

O Modernismo (1890 a 1915)  estabeleceu novamente uma distância em relação aos elementos mais decorativos voltando em força a geometria, ao mesmo tempo que novos materiais são introduzidos, designadamente o betão. A flexibilidade destes materiais tornou possível algum experimentalismo na paisagem, no apogeu do cubismo (1910).

Uma estrutura de jardim geométrica não tem que ser obrigatoriamente simétrica, uma aproximação mais formal é o mais habitual, muitas vezes inspirada na própria arquitetura que de forma geral e ao nível do privado está bastante padronizada e raramente se diferencia das outras habitações.

A justaposição de formas geométricas torna todo o design do jardim mais forte. O uso de formas orgânicas começou por ser utilizado para um maior aproveitamento do contorno natural do solo. Um design mais descontraído, com um fluxo natural, onde as formas orgânicas trabalham em conjunto. Uma piscina com contornos mais arredondados não pode ser complementada com um espaço muito formal. A escolha das formas geométricas deve ter em conta todo o espaço do jardim e todos os seus elementos. Com isto não quer dizer que não hajam exceções, por exemplo desenhos muito formais que conjugam com plantações mais naturais na sua postura, não limitadas no tipo de poda nem na forma  como são posicionadas no jardim, são perfeitamente possíveis.

O topiário é um exemplo muito simples da formalidade imposta a certas plantas, algo a que temos assistido nos últimos anos voltar aos jardins domésticos.

Os jardins privados têm normalmente uma estrutura bem delineada e uma relação muito intima com a habitação, o que naturalmente vai influenciar toda a geometria do jardim que por sua vez tem em conta as proporções da casa quando estipula as diferentes áreas do espaço no exterior.

Outras vezes são os elementos já existentes no jardim que ditam as regras de como os espaços se conjugam. Nos últimos anos tem havido algum revivalismo tanto a nível da decoração como nos próprios layouts e escolhas dos materiais para os jardins. Grandes influências do período Arts&Crafts têm-se sentido principalmente a nível de espaços privados, um retorno ás origens, à simplicidade e uma honestidade nos materiais naturais que se utilizam.

Há que reter em primeiro lugar de que cada espaço é um espaço com uma identidade própria e por mais regras e ideias que possamos generalizar, cada jardim é único com características próprias que definitivamente influenciam o seu design.

Tags:

Talvez goste deste artigo

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Ir para o topo