Planta originária das Molucas e das Filipinas Meridionais, hoje cultivada em diversos países da zona tropical (Madagáscar, Indonésia, Brasil). Conhecida como Syzygium aromaticum ou Eugenia caryophylus – Cravo-da-índia, cravo-de-cabecinha, cravoária.
Arbusto ou árvore de porte médio com forma piramidal ou cónica (9-12 metros altura). Pode viver mais de 100 anos. Normalmente, as jovens plantas não geram flores durante os primeiros cinco anos do seu ciclo de vida.
É usada no Oriente desde há muitos séculos pelos naturais, com o objectivo de eliminar o mau hálito da boca. Na China, no século III a.C. As pessoas mascavam cravinho antes de se dirigirem ao Imperador, como sinal de respeito e para combater o mau hálito. Noutros locais atribuíam-lhe propriedades afrodisíacas.
Ao atingir as ilhas Molucas em 1511 os portugueses ficaram muito impressionados com a riqueza em especiarias. Os portugueses foram os primeiros europeus dos tempos modernos a conhecer as plantas produtoras do cravo. Considerada uma das especiarias mais caras entre aquelas do Oriente que chegavam à Europa antes dos Descobrimentos, porque tinham que fazer uma longa viagem de quase uma semi-circunferência do globo, embarcada e desembarcada dezenas de vezes, vendida e revendida, passando dos juncos aos navios árabes, destes às caravanas que atravessavam lentamente as intermináveis planícies da Mesopotâmia e destas às embarcações mediterrânicas.
Quando os portugueses chegaram às ilhas das especiarias o cravo passou a vir para a Europa principalmente pela via marítima que deram a conhecer aos europeus. inaugurava-se assim a época da conquista, que nos custou muito trabalho e muitas vidas, porque o cravo foi sempre comprado com sangue dos portugueses. Uma das especiarias mais valorizadas, no mercado do início do século XVI um quilo de cravo equivalia a sete gramas de ouro.
Perdidas as Molucas em detrimento da Holanda, estava perdido o comércio do cravo, os portugueses arriscaram noutras regiões, mas os resultados não foram muito satisfatórios. Em meados do séc. XVI descobrem no Brasil uma planta similar, cravo- maranhão, no entanto, não vai ter o mesmo impacto que o cravo do Oriente.
Partes utilizadas
Botões florais. Inicialmente a flor tem uma coloração rosada, mas com o tempo, muda para amarelo-esverdeada e depois torna-se vermelha. É nesta última fase da flor, mas antes da abertura da corola, que se obtém o cravinho. Se não se proceder à colheita, a flor abre e as pétalas tornam-se patentes e o produto perde grande parte do seu valor comercial. É fundamental colher antes que atinjam esta fase vermelho brilhante, quando estão no pico de sabor e aroma. A colheita geralmente demora de dois a três meses.
O óleo essencial (15% a 20%) deve existir nos botões florais, no mínimo, 150 ml/kg, e possuir eugenol (85% a 90%). É responsável pela acção antibacteriana, antifúngica, e antiviral, devido essencialmente ao eugenol. Este óleo é usado como matéria-prima na indústria farmacêutica, cosmética e odontológica.
Infusão
1 a 1,5 gr por chávena, 3 chávenas por dia, antes ou depois das refeições.
Uso externo
Óleo essencial puro, em solução alcoólica ou oleosa a 10%; impregnar uma gase ou algodão e aplicar em dentes cariados.
Na culinária
É normalmente empregue na preparação de sopas, ensopados, doces, pudins, bolos, pão, vinhos, ponches quentes e licores. O eugenol, presente no óleo essencial, tem acção bactericida, o que o torna útil para preservar e prolongar a validade de compotas e conservas.
Na saúde e cosmética
Utilizado em produtos de higiene oral para desinfectar e promover um hálito agradável. É também eficaz no combate à acne. O óleo pode ser usado para massajar músculos doridos, para suavizar estrias e é eficaz no tratamento de unhas quebradiças, rachadas ou fracas, e de calosidades.
Na Indonésia empregam-se grandes quantidades de cravo na confecção de cigarros perfumados (Kretek). O país é responsável pelo consumo de mais de 50% da produção mundial. É de tal forma elevado que este país, apesar de ser um dos maiores produtores, nem sequer tem sido auto-suficiente.
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LUÍS ALVES tem 36 anos, é do Porto. Lecciona em diversos cursos de jardinagem e espaços verdes, plantas aromáticas e medicinais, e foi orador convidado de diversas palestras sobre os temas. É técnico de Agricultura Biológica, escrevendo regularmente para revistas especializadas. Editou um DVD com um curso de PAM. Nos últimos 7 anos é agricultor e viveirista, produzindo em modo de produção biológico plantas aromáticas, medicinais, condimentares e flora espontânea autóctone, sendo também consultor especializado em jardinagem e espaços verdes. Foi galardoado com «1º Prémio “Agricultor sobresaliente en actividades innovadoras” 2008»