Inauguração da exposição de ilustração científica | 30 Maio | 18.30
Até 25 de Agosto
Local: Fundação Oriente em Lisboa
“[…] to seek out a plant, bring it from its obscurity and reveal it to those who are inspired by Nature, is a true discovery […]” (in Margaret Mee, 1968).
Durante um mês e meio, atravessando os jardins e espaços verdes destes territórios, de lápis e caderno na mão, foi feito um registo fotográfico e um levantamento gráfico das espécies arborícolas locais, previamente selecionadas pelo engenheiro agrónomo e arquiteto paisagista António Saraiva, que acompanhou a posterior execução das ilustrações. Neste périplo pela diversidade que mora nos jardins da cidade e das ilhas da Taipa e Coloane, o caderno de campo foi a ferramenta principal. O inicial vazio das suas páginas possibilitou a expressão de uma visão pessoal e espontânea da realidade observada, funcionando como um pequeno laboratório – um espaço exploratório que incentiva a observação e a experimentação de técnicas e estilos, com lugar para o erro e para a criação de um vocabulário gráfico próprio. Preenchido este estimulante vazio, estavam construídos os pilares – reunião dos elementos gráficos necessários, juntamente com o apoio fotográfico e a pesquisa de informação científica – para a realização da ilustração científica, posteriormente trabalhada e finalizada no atelier.
Na ilustração científica, o realismo das espécies desenhadas não pretende fazer a cópia fiel de um exemplar particular de uma árvore ou de uma flor. Procura reproduzir um representante da espécie, ilustrativo das suas características gerais. A expressividade procurada e explorada nos cadernos de campo dá assim lugar ao rigor e à exatidão, sem ambiguidades. A imagem desenhada impõe-se pelo rigor da sua representação como instrumento de conhecimento científico. Face à fotografia, a ilustração científica tem ainda a particularidade de ser mais focada e nítida, eliminando o “ruído” do real momentâneo. Consegue obliterar os aspetos desnecessários e/ou zonas de sombra/queimadas, podendo juntar, numa única ilustração, elementos pertencentes a diferentes períodos de evolução de uma espécie, como, por exemplo, flores e frutos em simultâneo.
Todas as ilustrações expostas foram utilizadas na obra de António Saraiva, intitulada Árvores e Grandes Arbustos de Macau, com a qual também se pretendeu prestar homenagem aos intrépidos botânicos que, sem temer riscos e dificuldades, exploraram os mais variados recantos do globo, procurando novas espécies que registavam em desenhos, por vezes com fins utilitários, mas também por puro amor ao conhecimento.
O seu fascínio pela natureza levou-a até Londres onde estudou ilustração botânica com Anne Ferrer, em Kew Gardens. Este foi o ponto de partida para diversos projetos sobre biodiversidade, sustentabilidade, educação e preservação ambiental em parceria com instituições em Portugal e no estrangeiro. www.catarinafrancaillustrations.com
Mafalda Paiva (Cascais, 1973) é mestre em Ilustração Científica pela Universidade de Évora e doutoranda em Arqueologia pela Universidade Nova de Lisboa.
É Ilustradora residente no Centro de Arqueologia de Lisboa e no Museu do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa. É ainda a ilustradora científica da equipa de investigação em zoologia da Universidade de Antofagasta, Chile. Enquanto freelancer colaborou com alguns dos maiores grupos editoriais e agências de publicidade em Portugal e no estrangeiro, incluindo a National Geographic USA. Participou em dezenas de exposições em museus e galerias de todo o mundo, tendo sido distinguida em concursos internacionais como o IL-lustraciència, em Barcelona.
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