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Salva: Elixir da Vida Eterna?

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[i]Fotos: Fernanda Botelho[/i]

[b]História[/b]

A salva é uma das plantas medicinais mais apreciadas num vasto leque de propriedades. Era já conhecida e muito utilizada na Europa da Idade Média, tanto para fins medicinais, religiosos, como culinários e ainda no fabrico de cerveja. Segundo uma lenda grega, as propriedades medicinais da salva foram descobertas pelo herói Cadmo a quem as folhas eram oferecidas todos os anos numa cerimónia religiosa. Os gregos e romanos apreciavam-na essencialmente como estimulante mental. O nome “salva” vem do latim “saudere” ou “servire”. Os chineses valorizavam-na tanto que nos primeiros anos de trocas comerciais com os ingleses e holandeses estavam dispostos a negociar dois quilos do seu melhor chá com meio quilo de salva. Diz-se que Luís XIV bebia todas as manhãs uma chávena de chá de salva. Na Índia é ainda hoje considerada uma planta sagrada e é comum vê-la crescer à porta dos templos. Na América do Norte é também muito utilizada pelos índios nas suas várias cerimónias religiosas onde é queimada para purificar ambientes.

[b]Habitat e Cultivo[/b]

É originária do mediterrâneo onde ainda cresce espontânea em vales e pradarias da Grécia, Albânia, Turquia e ex-Jugoslávia. Gosta de solos calcários, e pode encontrar-se até uma altitude de oitocentos metros. Existem cerca de quinhentas variedades desta planta, sendo todas elas extremamente aromáticas e medicinais. De sabor levemente quente, amargo e adstringente. No entanto, a mais utilizada é a [i]Salvia officinalis[/i]. É um arbusto vivaz, lenhoso, da família das labiadas. Mede entre trinta a oitenta centímetros, tem folhas carnudas, opostas, oblongas, cinzento-prateado. Flores azul-violáceo, bilabiadas, dispostas em espigas sobre grandes caules robustos. O nome científico é [i]Salvia officinalis[/i], também conhecida por erva-sacra, chá da Europa, salva das farmácias, chá da Grécia, chá de França. Em inglês [i]sage[/i], em francês [i]sauge[/i] e em espanhol [i]salvia[/i]. A variedade salva-esclareo ([i]Salvia scarea[/i]) tem um perfume a almiscaro e cresce espontânea entre nós, mas é também cultivada industrialmente para extracção do seu óleo essencial.

[b]Componentes[/b]

Cerca de 2,5% de óleos voláteis (tujona, cineol, borneol, linalol, cânfora, eucaliptol, ácido rosmarínico, flavonóides, resinas, ácido fosfórico, saponinos, glicócidos e taninos que a tornam adstringente).

[b]Propriedades[/b]

A variedade mais medicinal é a [i]Salvia officinalis purpurea[/i], de folha púrpura, especialmente para tratar infecções da garganta, boca e gengivas, onde pode ser tomada em forma de chá, misturada com calêndula ou macerada em vinagre de cidra utilizada em gargarejos contra as amigdalites, faringites e úlceras da boca. Cura constipações e gripes, o ácido fenólico é anti-bacteriano, anti-microbiano e anti-inflamatório. A tujona é um forte anti-séptico e carminativo. E tem ainda uma acção estrogénia, responsável pelo efeito hormonal reduzindo a produção de leite materno. Alivia espasmos musculares. Ajuda a regular a menstruação combatendo as dores e os espasmos. É um tónico digestivo e alivia sintomas de diarreia. Equilibra o sistema nervoso e é útil no tratamento de vários problemas da menopausa, reduzindo, por exemplo, a sudação e os afrontamentos ajudando o organismo adaptar-se às alterações próprias desta fase. Uma ou duas folhas frescas mastigadas depois das refeições refrescam o hálito e estimulam a produção de sucos digestivos. É ainda útil para aliviar e desinflamar o efeito das picadas de insectos, em forma de compressas feitas com uma infusão ou as folhas aplicadas directamente. Pode ainda ser utilizada no tratamento da asma sob a forma de chá.

[b]Culinária[/b]

Era uma das principais ervas utilizadas na cozinha da Idade Média, especialmente para preservar e dar sabor aos pratos de porco e aves. Hoje podem utilizar-se também as flores na decoração de pratos vários, a [i]salvia esclarea[/i] com as suas flores mais adocicadas e de coloração pastel é muito elegante na decoração de saladas verdes e arroz. Pode também fritar-se depois de mergulhada num pome de farinha, ovo e leite. As folhas e flores vermelhas da salva ananás ([i]Salvia elegans[/i]) são também utilizadas na culinária, dando aos pratos um agradável e leve sabor a ananás.

[b]Horta e Jardim[/b]

A salva é uma herbácea de fácil cultivo. É boa companheira das couves, protegendo-as da borboleta branca e tornando tanto as couves, como as outras hortícolas, mais suculentas e saborosas. Protege a cenoura contra a mosca e benéfica para o alecrim. Porém, não deve cultivar-se junto ao pepino que não gosta da presença das aromáticas, especialmente da salva. As suas flores atraem vários insectos, especialmente abelhas e borboletas.

[b]Cosmética[/b]

É muito utilizada no fabrico de champôs, cremes de beleza e [i]after-shave[/i]. Se deixar num frasco a macerar em vinagre várias folhas e flores frescas de salva durante duas ou três semanas, poderá depois utilizar esta loção para enxaguar o cabelo, tornando-o mais escuro, brilhante e forte, ajudando a combater a caspa.

[b]Precauções[/b]

A salva não é aconselhada a mulheres grávidas nem a amamentar. Não se deve tomar durante mais de um mês seguido, devido ao efeito ligeiramente tóxico da componente tujona.

[b]Conclusão[/b]

Todos os tratados sobre plantas medicinais repetem esta frase: [i]como pode um homem morrer quando tem salva no seu quintal? [/i]