Portal do Jardim.com

Espargos na Horta

 

Como preparar uma espargueira em sua casa

 

Características

 

O espargo (Asparagus officinalis L.) é uma planta vivaz rizomatosa que produz rebentos carnudos e comestíveis, denominados turiões, usualmente durante 7 a 8 anos. Existem espargos brancos, verdes, violetas e violetas/verdes, sendo os dois primeiros os mais comuns, e que podem ser utilizados em fresco, congelados ou em conserva. É uma hortaliça rica em fibra, ácido fólico, vitamina C e potássio e pobre em calorias, não contendo gordura nem colesterol. A textura dos espargos é definida com base no seu teor de fibras, sendo um espargo demasiado fibroso pouco apreciado pelo consumidor.

 

Existem plantas femininas e plantas masculinas. As primeiras podem espigar e dar semente, o que é contraproducente, já que não se pode aproveitar o turião e as jovens plantas que provêm de semente não têm interesse hortícola. Se possível deve adquirir plantas híbridas e masculinas. Terá mais sucesso se plantar coroas (conjunto de raízes e rizoma – daqui saem os rebentos ou turiões) com 1 ano de idade em vez de experimentar semear ou transplantar plântulas com 10 a 12 semanas.

 

Escolha do local, plantação e produção

 

Seleccione um local onde nunca tenha plantado espargos para reduzir a possibilidade de contaminação por fungos do solo, em especial Fusarium, que enfraquece e mata a planta, e para evitar a existência de substâncias libertadas pelos espargos velhos (alelopáticas) que dificultam o crescimento das novas plantas. Aguarde pelo menos quatro anos antes de efectuar uma replantação. O terreno deve estar limpo de infestantes (ervas daninhas) sob pena de estas sufocarem os espargos.

 

Estrume com antecedência, adube e faça um camalhão abaixo do nível do solo (abra um buraco com 20 cm de profundidade e alteie 5 cm o seu interior – a vala adquire a forma de um W). Coloque as coroas na vala espaçadas entre si 20 a 30 cm e afaste as valas 1,5 m. Cubra as coroas com 5 cm de terra.

 

O espargo deve ser instalado em solos profundos, bem drenados, com boa percentagem de areia. O pH do solo deve situar-se entre 6,2 e 6,7. Os nutrientes fósforo (P) e potássio (K) têm de ser incorporados no solo antes da plantação, pois de outro modo, como são pouco móveis não irão chegar às raízes para serem absorvidos. Deve-se também aplicar azoto (N) na forma amoniacal e nítrica. Num solo que não foi analisado pode aplicar cerca de 200 g do adubo 5-10-10 (N-P-K) por m2 de vala ou um 10-52-17. Em cada Primavera (Março), e antes da emissão dos turiões, deve adubar a planta com azoto e outros nutrientes (se necessário use novamente um 5-10-10) e não se esqueça de adubar após a colheita (Maio/Junho) para a planta repor as reservas que foram consumidas.

 

O espargo necessita de um período de repouso vegetativo (90 dias) para produzir com sucesso os turiões. Nas condições de Portugal esse repouso ocorre durante o Inverno. Na Primavera a emissão de turiões dá-se com temperaturas ao redor dos 12 ºC. Neste período se a temperatura for muito baixa ocorre queima ou descoloração dos espargos (verdes). Pelo contrário, se a temperatura rondar os 25 ºC, aliada a seca, aumenta o número de turiões espigados. Durante o desenvolvimento vegetativo a temperatura deverá situar-se entre os 18 ºC e os 25ºC.

 

É de evitar o excesso de água durante todo o ano para não ocorrer asfixia das raízes. Durante a colheita deve-se fornecer apenas a água necessária à formação dos turiões (o solo deve manter-se húmido). No Verão é necessário regar pois a planta está activa e está a armazenar nutrientes.

 

Proteja as plantas dos insectos (afídeos, lagartas, moscas), das doenças (ferrugem, fusariose, podridões) e das infestantes mais comuns, consultando um especialista.

 

Colheita e conservação

 

Não colha rebentos no ano da plantação (1º) e no ano seguinte (2º) pode colher durante 2 ou 3 semanas (um máximo de 8 turiões por planta). Um excesso de colheita enfraquece a planta! A partir do terceiro ano a colheita estende-se por 6 a 8 semanas. Na Primavera escolha os turiões jovens, grossos, pouco fibrosos (doutro modo tornam-se amargos), que têm cerca de 20-25 cm e corte-os pela base com a ajuda de uma faca ou navalha. Os espargos devem ser direitos, firmes, tenros e apresentar brilho.

 

Após a colheita lave e arrefeça os espargos rapidamente. Os espargos devem ser conservados no frio a temperatura entre 0 ºC e 2 ºC e com a base embrulhada em papel humedecido em água. Se os espargos murcharem ligeiramente pode voltar a dar-lhes turgidez mergulhando-os em água fria.

 

Para comercialização de espargos apresentados ao consumidor no estado fresco deve-se consultar as normas de qualidade dadas pelo Regulamento (CE) N.º 2377/1999 (Jornal Oficial L 287 de 10.11.1999, p. 6-11), alterado pelo Regulamento (CE) Nº 46/2003 (JO L 7 11.1.2003, p.61) e pelo Regulamento (CE) Nº 907/2004 (JO L 163 30.4.2004, p.50).

 

Referências

https://www.dalmeida.com/poscolheita/produtos/espargos.htm – Alfredo A. C. Aires (2000). Espargos frescos – Aspectos da sua fisiologia de pós-colheita.

https://ohioline.osu.edu/b826/b826_3.html – Asparagus Production Management and Marketing, Ohio State University Extension, Horticulture and Crop Sciences, Bulletin 826

https://www.ces.ncsu.edu/depts/hort/hil/hil-2-a.html – Douglas C. Sanders (2001). Commercial Asparagus Production. Horticulture Information Leaflets, North Carolina State University.

https://www.ces.ncsu.edu/depts/hort/hil/hil-8002.html – Douglas C. Sanders (2001). Home Garden Asparagus Production. Horticulture Information Leaflets, North Carolina State University.