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Jasmim

…”Acaso haveis ouvido falar de uma conquista que deixou atrás de si mil livros de poesia, mil alvercas de água e plantados mil pés de jasmim?[1]

É assim que o jasmim surge na península Ibérica, pela mão dos povos árabes, que entre nós deixaram inúmeras marcas da sua cultura muito para além do jasmim. Esta é apenas mais uma espécie que viajou da sua origem na China até aos nossos jardins pela mão de povos colonizadores, neste caso o povo árabe. Se pensarmos no quão difícil seria transportar bens essenciais em tão adversas condições de locomoção, podemos imaginar que não sendo o jasmim uma planta comestível, a sua necessidade só se pode justificar pelo refinado sentido poético de quem o cultivou.

A essência do jasmim era e continua a ser essencial na construção de jardins cuja génese assenta na procura de elementos simples como o odor ou a frescura, fundamentais no contraste com o clima quente e árido da região mediterrânica. O gosto por determinadas plantas não surge do acaso, mas sim da necessidade de recriar determinados ambientes que nos façam sentir para além de simplesmente existir.

O Jasmim-comum, ou Jasminum officinalis é provavelmente o mais vulgar, mas existem muitas outras espécies, com características idênticas que podem ser plantados nos nossos jardins, encontrando-se razoavelmente bem adaptados.

O jasmim, frequentemente utilizado como planta trepadora pode ser igualmente utilizado como arbusto. Algumas espécies de jasmim, como o J. officinalis ou J. polyanthum podem ser colocados em pleno sol, mas de uma forma geral os jasmins preferem zonas mais sombrias, frescas e/ou com poucas horas de sol. A rega é essencial no Verão, por norma cada 3 a 4 dias, bastando uma rega semanal no Inverno. A adubação de Primavera é muito importante para o crescimento vigoroso das guias. Para um bom desenvolvimento as temperaturas mínimas não devem descer abaixo dos – 5º C e durante um curto período.

Talvez menos conhecido do público em geral, seja a espécie Jasminum azoricum (Jasmim-dos-Açores), que como o próprio nome indica é originário do arquipélago dos Açores. Só recentemente esta espécie de jasmim começou a ser comercializada, mas a sua folhagem densa e flores extremamente odoríferas, rapidamente conquistaram o mercado viveirista. Para além da sua beleza é ainda bastante resistente a solos pobres, aguentando alguma secura, desde que não seja prolongada. A sua propagação por estaca é fácil, devendo ser feita a partir de talos semi-lenhosos cortados em finais do verão e postos a enraizar em estufa.


[1] La España Musulmana, vol I, p.10, Sánchez -Albornoz. Op. Cit in: Alves, Adalberto; O meu coração é Árabe, Assírio&Alvim, 3ª ed.Lisboa, 1998.

Imagens: Kenpei, Daniel Feliciano