É com certeza com algum peso na consciência que revelo aqui a minha admiração pelos magestuosos eucaliptos, é sem dúvida uma bela árvore, grandiosa e elegante, de pele lisa e macia e aroma refrescante, quem nunca reparou nas cores pastel do tronco do eucalipto que se descasca após uma noite de vento e chuva ? Infelizmente no nosso país tem causado bastantes estragos pois apesar de absorver muitos nutrientes, tem vindo a ser plantada no lugar de oliveiras e sobreiros centenários, pois é uma árvore de crescimento rápido e dinheiro fácil.
Na Austrália de onde é originária e onde ocupa três quartos da vegetação de todo este continente, conhencem-na por gum trees ou “dead men´s tree”, devido ao facto de ser uma das árvores que mais mortes causa, pois nos dias muito quentes que abundam na Austrália, ela solta as pernadas mais baixas e pesadas, deixando-as cair sem olhar onde. Temos disso um triste exemplo há dois anos na serra de Sintra em que um acidente destes matou vários membros de uma família que tranquilamente fazia o seu piquenique à sombra de um eucalipto.
Mas aqui o que nos interessa não é a má reputação, mas sim são as propriedades medicinais do eucalipto que são bastantes e comprovadamente eficazes e exploradas comercialmente.
O seu nome científico é Eucaliptus globulus, pertence á família das Mirtáceas e existem cerca de 600 espécies desta árvore de folha persistente, muitos dos Eucaliptos encontram-se entre as árvores mais altas e de crescimento mais rápido do mundo, chegando algumas a atingir 100 metros de altura. As folhas juvenis são bastante diferentes das adultas, variando na cor, na forma e na intensidade do aroma, sendo as mais jovens mais aromáticas e mais indicadas para fazer vapores e inalações.
O óleo essencial fabrica-se a partir das folhas e não se recomenda a sua ingestão sem aconselhamento profissional.
O óleo essencial da variedade E.citriodora Hook é sem dúvida o meu aroma favorito, levemente citrico e doce, uma fragrância bastante refinada que por isso mesmo é utilizado em perfumaria, enquanto que o eucaliptus globulus é mais utilizado como aromatizante de sabonetes e detergentes, servindo ainda a indústria farmacêutica no isolamento do cineol, quem não se lembra do “Vick vapor-up”?
Para os Aborigenes da Austália é uma árvore de grande importância na sua medicina tradicional e milenar, utilizando tanto a casca como as folhas ou flores para combater e prevenir vários tipos de doenças e julga-se terem sido estes a descobrir as propriedades medicinais do eucalipto apesar dos Chineses e os Indianos também a incluirem desde a
Antiguidade na sua farmacopeia. Em Portugal julga-se ter sido introduzida no século XIX e é hoje cultivada um pouco por todo o país mas a grande percentagem (cerca de 95% encontra-se na faixa litoral a Norte do Tejo)
Componentes
O componente mais activo é o cineol também conhecido por eucaliptol (cerca de 70%), contém ainda monoterpenos, taninos, resinas, flavonas e óleo essencial.
Propriedades
Devido às enormes quantidades de água que esta árvore absorve, foi introduzida em alguns países numa tentativa de combate á malária, pois assim acabariam com as zonas pantanosas que atraem os mosquitos, daí alguns países lhe darem o nome de árvore -da -febre, como é o caso do Brasil.
Contra- indicações
Não se recomendam tratamentos prolongados em casos de rinite e sinusite.
Não utilizar quando existam problemas hepáticos ou inflamações do tracto gastrointestinal.
O eucalipto é também valorizado no fabrico de móveis, contrução naval, construção civil e pasta de papel, no entanto é pouco apreciado pelos ambientalistas pois ao ser introduzido em vários países, incluindo o nosso, como monocultura com fins unicamente comerciais, vem destruir o flora e fauna autoctones.
FERNANDA BOTELHO nasceu em Tojeira/Sintra em agosto de 1959.
Aos 18 anos viaja para Londres onde estuda antroposofia e plantas medicinais e pedagogia Montessori.
Fez o curso de guia de jardim botânico com a Alexandra Escudeiros e gostou tanto que repetiu no ano seguinte.
Apaixonada por jardins botânicos, é frequentadora assídua de Kew gardens. Absorve o que vê, fotografando e escrevendo.
Publica anualmente desde 2010 agendas de plantas medicinais, três livros infantis “Salada de flores” “Sementes à solta” e “Hortas aromáticas”. “As plantas e a saúde, guia de remédios caseiros”. É colaboradora do programa Eco-escolas desenvolvendo projetos de plantas medicinais e hortas sustentáveis nos espaços escolares com professores e alunos.
É convidada regular da RTP 1, organiza passeios botânicos e dá workshops sobre plantas medicinais.
Blogue Malva Silvestre.