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A história dos jardins horta

Texto: Catarina Gonçalves Fotografia: D.R. e Lobo do Mar

Existem cada vez mais adeptos do cultivo de vegetais para consumo próprio, o desafio será introduzir as hortícolas de forma harmoniosa no jardim, incorporando estes elementos no ambiente de canteiros ornamentais.

Logicamente os jardins hortícolas são os mais antigos na história do design de jardins, o elemento jardim, no ambiente doméstico, começou pela necessidade de zonas de cultivo para uso familiar. No Egipto na 5ª dinastia (2465-2323 AC) o túmulo de Saqqara demonstra o cultivo da alface e sistema de irrigação, uma planta sagrada na época, o mesmo túmulo mostra um jardineiro a regar uma pequena horta integrada no jardim real. Estes são os primeiros indícios da presença no jardim dos elementos hortícolas. Só alguns proprietários mais ricos é que tinham jardins ornamentais, espaços de luxo, todos os outros espaços exteriores eram puramente funcionais e uma necessidade.

Projecto de Hoerr Schaudt Landscape Architects para o Gary Comer Youth Center em Chicago, EUA

Na época medieval os jardins dos mosteiros eram usados para plantações com uma finalidade prática, desde aromáticas a plantas medicinais assim como comestíveis.

Villandry

Mas foi na época renascentista, nomeadamente em França que a horta passou a ser ornamental e não meramente com um sentido prático, desde vegetais a frutas, ervas aromáticas e flores comestíveis. A horta passou a ser o ponto central do jardim, o elemento principal e não escondido da zona mais ornamental. Os jardins projectados nesta época foram feitos para serem vistos de cima, das janelas das casas e palácios, dai a evolução dos padrões geométricos que conseguiam ser apreciados quando o espectador se encontrava num plano superior ao do jardim.

Usar os vegetais pelas suas cores.

As hortas no jardim entraram e saíram de moda várias vezes durante a história do design de jardins e nos últimos anos este elemento tem voltado aos jardins domésticos com uma crescente preocupação para que cada família cultive os seus próprios alimentos, inicialmente apenas com pequenas hortas inseridas num espaço ajardinado. Como muitas vezes na prática muitos espaços são demasiado pequenos para grandes divisões começou-se a inserir de novo nos canteiros principais do jardim. Mais populares são as aromáticas e as comestíveis com estruturas que não chocam num espaço sofisticado e de design moderno, mas também as couves ornamentais são cada vez mais utilizadas assim como as alfaces, ambas disponíveis numa variedade de cores desde o branco ao arroxeado.

Usar os vegetais como meio de divisão de espaços no jardim.

Ao inserirmos vegetais nos canteiros a sua manutenção requer cuidados extra, pois em cada época do ano teremos que modificar as bordaduras, a rotação das plantações é outro factor importante. As plantas ornamentais usadas nos canteiros não podem ser demasiado invasivas para não “atropelarem” os vegetais.

Plantações verticais são uma das soluções para o cultivo de vegetais.

Uma sugestão é começar apenas com um ou dois vegetais mais duas plantas ornamentais num pequeno espaço do jardim e observar a sua evolução. O cultivo de vegetais com plantas ornamentais de forma mais natural e não gerida por padrões geométricos rígidos é relativamente nova, por isso experimentar é importante.

Sugestão de vegetais:

Brassica oleracea var. Acephala

Lactuca sativa

Capsicum frutescens

Capsicum annuum

Solanum melongena

Cynara scolymus

Calendula officinalis

Foeniculum vulgare

Thymus vulgaris