À procura de alimentos que poderiam ser cultivados pelos astronautas longe da Terra, os pesquisadores concentraram-se na Spirulina, cujas colheitas têm servido de alimento na América do Sul e África durante séculos. A astronauta da ESA Samantha Cristoforetti comeu no espaço o primeiro alimento que contém Spirulina e, agora, a informação está a ser aplicada num projeto-piloto no Congo como um suplemento alimentar.
Em preparação para missões longas longe da Terra, os astronautas terão de colher os seus próprios alimentos. A equipa do ‘Sistema Alternativo de Apoio à Vida Micro-Ecológica’ da ESA, ou MELISSA (Micro-Ecological Life Support System Alternative), está focada em criar um ecossistema fechado que recicle continuamente resíduos em alimentos, oxigénio e água.
As bactérias do género Arthrospira – mais conhecidas como Spirulina – têm sido uma peça importante do projeto MELISSA durante muitos anos, porque são de crescimento fácil multiplicação rápida. As bactérias transformam o dióxido de carbono em oxigénio e podem ser comidas como um delicioso suplemento rico em proteína. São, também, altamente resistentes à radiação encontrada no espaço exterior.
Durante a sua estadia na Estação Espacial Internacional, o astronauta da ESA Andreas Mogensen testou barras de cereais que contêm Spirulina, recolhida através do sistema MELISSA, para garantir que mantêm o seu sabor no espaço.
Do espaço para o Congo
Um parceiro belga do projeto MELISSA, o centro de pesquisa SCK·CEN, tem estado envolvido desde os primeiros dias. A sua pesquisa em Spirulina recaiu sobre vários aspetos das bactérias tais como, a expressão dos genes, a atividade enzimática, a absorção da luz, o seu movimento durante o crescimento e a ingestão de nutrientes. Este conhecimento sem paralelo está agora a ser aplicado em torno da cidade de Bikoro, no Congo.
A dieta básica nesta região é a mandioca, que fornece muito pouca proteína, de modo que a Spirulina poderia complementar a dieta local com a tão necessária proteína, bem como vitamina A e ferro.
A fase-piloto está focada no crescimento de Spirulina em cubas de água com bicarbonato de potássio e outros ingredientes que podem ser encontrados localmente. Sob a luz solar e agitação regular, as cubas são fáceis para colheita e capazes de fornecer uma família de seis.
A Spirulina é seca e em pó, com apenas 10 gramas polvilhados nos alimentos a cada dia o suficiente para satisfazer a maioria das necessidades dietéticas – acrescentando um sabor levemente salgado ao prato.
Os funcionários do centro de pesquisa SCK·CEN estão a trabalhar com empresários locais para ajudar a tornar o sistema num sucesso, após o início numa aldeia.
Via ESA, Portugal
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