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Chelsea Physic Garden: O Jardim Secreto de Londres

[img]https://www.portaldojardim.com/artigos/parquesjardins/chelseaphysic181106/abertura.jpg[/img] 

[i]Texto: Mariana Inverno
Fotos: Chelsea Physic Garden[/i]

Visitei este jardim em Setembro passado, quando o tempo quente ainda se fazia sentir em força. O director do jardim, que também cobrava os bilhetes à entrada, recebeu-me com um sorriso amplo e grato e o visível e legítimo orgulho de quem dedica a sua energia a uma causa com coração. Lembro-me que ao percorrer o espaço pela primeira vez, tive aquela sensação inconfundível que experimentamos quando tocamos as coisas algo secretas.

O jardim no Outono

Fundado em 1673 pela [i]Society of Apothecaries[/i] (Sociedade dos Boticários), o [i]Chelsea Physic Garden[/i] fica situado junto ao rio Tamisa, no famoso bairro de Chelsea e é o segundo mais antigo jardim botânico da Grã-Bretanha (logo a seguir ao Jardim Botânico da Universidade de Oxford, criado em 1621).
No centro deste pequeno jardim retirado – apenas dois hectares – a estátua do Dr Hans Sloane que em 1722 comprou o jardim à Sociedade dos Boticários continua a supervisar diligentemente o espaço que, através dos séculos, conseguiu preservar o espírito inicial do projecto e que constitui, ainda hoje, um dos mais acabados exemplos do cultivo amoroso e dedicado de espécies raras, ordeiramente plantadas e divididas em grupos e canteiros classificados. Ao tempo da fundação do Jardim, a medicina e a botânica andavam de mãos dadas – o próprio termo [i]Physic[/i] é usado no sentido medicinal, a sua acepção mais antiga. O local foi estabelecido com o propósito de cultivar e estudar plantas que pudessem ser utilizadas para fins científicos e medicinais e como uma espécie de laboratório para os estudantes de medicina.
 

Cinchona calisaya Wedd.

São múltiplas as histórias de sucesso deste jardim.
Sementes de algodão foram enviadas daqui para a Georgia, dando origem à famosa indústria algodoeira americana.
A lendária árvore [i]Cinchona[/i], oriunda do Perú, extremamente difícil de cultivar, desenvolveu-se no Jardim. A [i]Cinchona[/i], árvore de folha não caduca, é de grande porte (5 a 15 metros) e tem a particularidade de a sua casca, uma vez reduzida a pó, ser rica em alcalóides, em especial a quinina, muito usada no tratamento de febres, nomeadamente a malária.
Neste precioso jardim foi mesmo possível culitvar os famosos cedros do Líbano, importados em 1683 e que foram os primeiros a sobreviver em solo inglês.
Também de notar a presença de uma enorme oliveira que continua a dar frutos e da árvore de toranjas localizada mais ao norte no nosso hemisfério.
 

Estátua do Dr. Hans Sloane

Embelezado com um antigo jardim de pedras de lava da Islândia, dois tanques e estufas (onde são cultivadas por vezes algumas das espécies do exterior, no caso de estas não sobreviverem) o [i]Chelsea Physic Garden[/i] oferece-nos ainda uma profusão imensa de plantas raras e espécies delicadas, especialmente da região mediterrânica e das Ilhas Canárias. No seu conjunto, o Jardim exibe mais de 5000 plantas diferentes – basicamente plantas medicinais, espécies em perigo ou de interesse etno-botânico, pois o local integra igualmente o [i]World Medicine Garden[/i] onde se podem apreciar plantas usadas por certas tribos para fins medicinais.

Rosas, girassóis, anémonas, lírios e plantas medicinais (algumas delas tóxicas) de indescritíveis designações latinas, bem como topo o tipo de àrvores inesperadas sob o céu londrino, representam neste local mágico parte do fabuloso legado natural do Planeta que habitamos e que urge preservar com o amor e cuidado com que este secular jardim é conservado.

[b]Mais Informações:[/b]

CHELSEA PHYSIC GRADEN
66 Royal Hospital Road
London SW3 4HS
Tel: 44.207.3525646
Fax: 44.207.3763910

Aberto de Abril a Outubro, às quartas e domingos da parte da tarde.
Entrada paga (£ 6.50 adultos, £3.50 crianças)
Dispõe de restaurante, esplanada e loja.
www.chelseaphysicgarden.co.uk

[i]NOTA: Este artigo foi-nos enviado por uma leitora. Artigos não comerciais podem ser enviados para o Portal do Jardim e poderão ser publicados, após verificação editorial.[/i]