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O imponente silêncio das sequoias

Dos passeios de outono que tenho realizado por Sintra nomeadamente na Quinta da Ribafria há árvores majestosas que me perseguem, me invadem os dias, me deixam por vezes tão encantada e deslumbrada pelo seu porte monumental, pela sua beleza e generosidade. Impõem-se estes dinossauros arbóreos de uma forma sábia e tranquilizadora.

Admiro-as e venero-as, não apenas a estes gigantes mas a todas as outras árvores, velhas amigas e aliadas. Quem sabe se um dia já fui árvore.

As sequoias espalhadas pelos vários espaços públicos e privados de Sintra são primas distantes do maior ser vivo que existe à superfície da terra e que se supõe ter a modesta idade de 4.650 anos e mede 155 metros de altura o que equivale a um prédio de 30 andares. Podemos encontra-la no que é por muitos considerada uma das mais imponentes paisagens do planeta no Yosemite National Park.

Perder a noção de tempo e de espaço

Há quem diga que entrar numa floresta de sequoias ou giant red woods como lhe chamam os americanos é uma experiência quase mística de silêncio e paz onde se perde a noção de tempo e de espaço.

Todas as sequoias dos Estados Unidos estão hoje protegidas por lei e conservadas em museus vivos que são os Parques Nacionais, pois a desflorestação de que foram vítimas durante a época da colonização foi um dos atos de selvajaria mais brutais do planeta.

A conservação destes gigantes da floresta tem sido também trabalho de gigantes iniciado pelo naturalista e ambientalista John Muir, considerado o pioneiro dos movimentos de proteção da Natureza. Foi graças a ele que em 1890 surgiu um dos primeiros parques nacionais de proteção da natureza, o Yosemite National Park. O primeiro foi o Yellow Stone National Park.

Estes gigantes da floresta distinguem-se bem pela textura macia e esponjosa do seu tronco cor de canela, resistente ao fogo. A Sequoia sempervirens é uma árvore de folha persistente da família das Cupresáceas, apesar de haver alguns taxónomos que a coloquem na família das Taxodiáceas.

Venerar as árvores

Os Índios daquela região nunca abatiam árvores já que eram por eles considerados seres sagrados, no entanto utilizavam as árvores tombadas na construção das suas canoas. Quando no Séc XIX os colonos chegaram à costa oeste dos Estados Unidos com machados, serrotes e dinamite impulsionados pela febre do ouro demoram por vezes mais de 3 dias e vários homens para abater uma única árvore passando por cima de tudo e de todos. Para os povos nativos era como se arrancassem a sangue frio pedaços do coração do planeta e do seu próprio coração.

Propriedades medicinais das sequoias

As mulheres índias usavam as folhas para fins medicinais no tratamento de dores de ouvidos em forma de compressas em uso externo. Internamente utilizavam-nas em infusões como estimulante e tónico. As cascas eram também aproveitadas em decocções para purificar o sangue.

Velhas e sábias

Estes gigantes silenciosos, com os pés bem assentes na terra e a cabeça nas nuvens ocupavam há cerca de 20 milhões de anos, antes de qualquer Idade do Gelo grande parte do hemisfério norte juntamente com os gingkos e os pinheiros de Wollemi, hoje ocupam apenas um área muito especifica da costa oeste dos Estados Unidos e Serra Nevada. As características geometeorológicas da costa do Pacifico são mais propícias ao crescimento destas árvores e por essa razão as espécies costeiras apresentam maior porte em relação aos espécimes encontrados nos bosques montanhosos.

Sequoias classificadas de interesse público em Portugal

Em Portugal existem alguns exemplares classificados como de Interesse Público:

Lisboa, Jardim Teófilo de Braga

Penacova, Quinta de Santo António

Viseu, Silgueiros

Vila Nova de Famalicão, São Tiago da Cruz

https://www.icnf.pt/portal/florestas/aip/aip-monum-pt