A hortelã-vietnamita ou coentro-vietnamita (Rau răm, na língua original) (Persicaria odorata) é uma planta herbácea vivaz pertencente à família das poligonáceas, que pode crescer até 50 cm de altura e um diâmetro muito superior, já que, de forma muito rápida, tal como as hortelãs, se pode desenvolver e instalar.
É uma das plantas mais importantes da cozinha asiática, sendo mesmo incluída de forma sistemática em grande número de pratos de toda a região, independentemente do país e da cultura. Rara no mercado português, começa a ser procurada por inúmeros restaurantes asiáticos, que de momento tem que a importar de latitudes distantes, a preços elevados.
A minha história com esta planta é muito engraçada. Numa das inúmeras visitas a Inglaterra como guia botânico nos últimos anos, encontro esta planta à venda em plena Londres, num pequeno vaso. Já há muito que a pretendia incluir na minha colecção pessoal e aproveitei a oportunidade para a adquirir. Já no avião, pousei por instantes o saco onde estava guardada no banco do lado, tempo suficiente para que uma senhora, com o maior rabo do mundo se sentasse sobre este, amarfanhando por completo a minha recente preciosidade. Depois de alguns primeiros socorros na casa de banho do avião, sobrou um pouco de caule verde, suficiente para que, a partir deste muitas outras surgissem. Foi por pouco…
Está ainda pouco estudada quanto às suas propriedades medicinais, pelo que é difícil encontrar informação mais específica sobre as suas características, embora existam alguns trabalhos publicados na Austrália sobre as potencialidades económicas da extracção do óleo essencial (kesom oil) para ser utilizado como aromatizante pela indústria alimentar.
As folhas têm uma forma semelhante às do pessegueiro, com um “V” desenhado junto à base, um aroma intenso a coentro e um sabor com uma nota cítrica acentuada, sendo também um pouco picante no final.
Confunde-se facilmente com uma erva daninha muito comum no nosso país, a erva-pessegueira (Polygonum persicaria), da qual apenas é possível distinguir cheirando, o que se revela muito curioso no momento da compra da planta, em que o cliente normalmente a considera um engano grosseiro, ficando convencido apenas após cortar e cheirar um pouco das suas folhas.
Após cultivo no jardim deve ter-se sempre o cuidado de a ter perfeitamente identificada, já que facilmente a podemos confundir e eliminar, como já várias vezes me foi descrito. Curiosa esta forma de mimetismo vegetal!!!
Prefere solos férteis, húmidos e bem drenados, desenvolvendo-se bem ao sol ou meia-sombra e até como planta de interior. Gosta de ser bem irrigada de Verão. Sensível ao frio, floresce no Verão. As flores são muito pequenas, ligeiramente rosadas, e pouco frequentes. Pode tornar-se invasiva, deve por isso ser controlada com cortes frequentes.
A propagação pode fazer-se por estacaria durante todo o ano. Pode ser atacada por pragas como a cochonilha, pelo que deve ser cultivada em locais que cumpram com os requisitos de solo e exposição expostos anteriormente. Uma boa forma de prevenir os ataques é cortar regularmente a planta rente ao solo, permitindo sempre novos crescimentos, fortes e saudáveis.
As partes utilizadas são as folhas frescas, que poderão representar uma opção interessante como cultivo complementar a outras espécies, procuradas pela florescente restauração asiática em Portugal.
Deixo aqui uma receita espectacular com esta planta, que já experimentei e gostei:
Molho de caril Tailandês
½ chávena de caldo ou água;
½ lata de leite de coco;
½ chávena de tomates pelados aos quadradinhos;
2 dentes de alho picados;
1 cebola picada;
2 malaguetas;
10 cm de caule de erva príncipe, em tiras finas;
1 folha de louro;
sal;
2-4 colheres de sumo de lima ou limão;
3 colheres de sopa de manjericão e hortelã-vietnamita, em chiffonade;
Misture todos os ingredientes excepto o manjericão e a hortelã-vietnamita e deixe cozinhar e reduzir uns trinta minutos. Junte o peixe, camarão, frango ou legumes e deixe cozinhar. Corrija o tempero e adicione as ervas nos últimos segundos. Sirva com arroz de jasmim. Este é um caril fino, quase como um caldo, como o são em geral os caris da Tailândia.
Pode adquirir esta planta no Cantinho das Aromáticas
LUÍS ALVES tem 36 anos, é do Porto. Lecciona em diversos cursos de jardinagem e espaços verdes, plantas aromáticas e medicinais, e foi orador convidado de diversas palestras sobre os temas. É técnico de Agricultura Biológica, escrevendo regularmente para revistas especializadas. Editou um DVD com um curso de PAM. Nos últimos 7 anos é agricultor e viveirista, produzindo em modo de produção biológico plantas aromáticas, medicinais, condimentares e flora espontânea autóctone, sendo também consultor especializado em jardinagem e espaços verdes. Foi galardoado com «1º Prémio “Agricultor sobresaliente en actividades innovadoras” 2008»
Parabens pela sua actividade. Procurei no Google infos sobre coentros vietnamitas que comprei no LIDL. Tenho um green finger e imensa curiosidade pelo que cresce da Mae Terra. Estao saudaveis e vou utiliza-los no caril que sugere. Cumprimentos
Gostei da abordagem sobre a planta e também da história do avião. Mas o que gostei mesmo foi da receita, pois comprei a planta por curiosidade, no Lidl e já tentei em vários cozinhados mas o aroma é um pouco forte. Gostei de a usar em carne estufada e no molho de peixe com aroma forte porque corta o aroma.
Olá :), também a comprei no LIDL eheh viva a publicidade!!! E vim pesquisar para saber as características da planta pois estava com receio de a colocar na rua.
Muito obrigada pelo artigo :). Assim já poderei mudar a planta sem receio :).
Eu sou uma grande coleccionadora de ervas aromáticas e não
hesitei quando vi esta erva pela primeira vez também no
LIDL mas tenho tido a dúvida onde devo utiliza-la.
Comprei com o nome de coentro-vietnamita…afinal é hortelã ou coentro?
tambem comprei no lidl uma plantinha dessas ,pois gosto de ervas aromaticas diferentes ,vim pesquisar como utilizar e pronto……..
Comprei varias plantas no lidl, ofereci algumas, mas tive problemas com umas quantas ao fim de tempos pois começaram a definhar.
Acho que foi cochonilha.
Uso – a em sopas, peixe, carne, sempre que é necessário dar um toque ligeiro picante, tem um aroma que gosto muito, não fosse eu descendente da ribeira do Sado.
Olá… depois de pesquisar sobre esta erva aromática aqui neste blog, vejo que a mesma não é assim tão desconhecida.
Em minha casa, crescem de um modo selvagem perto da cozinha, e sempre que necessárias estão à mão.
Tenho preferência por esta qualidade, porque é mais resistente e não necessita de qualquer cuidados ou mesmo rega…é super resistente. Acho até que possui maior intensidade na sua fragrância !..
…fica o meu testemunho !..