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A buganvília entrou em pleno período de floração. Importa no entanto explicar que a flor da buganvília é bastante insignificante, sendo efectivamente as brácteas (folhas modificadas) que envolvem a flor e a protegem as responsáveis pela aparência colorida desta espécie.

Esta planta, normalmente utilizada como trepadeira, insiste em parecer mais vigorosa e florida, quanto menos cuidada. Frequentemente surge esta profusa “floração”, inesperada, sobre muros de casas abandonadas. É também comum encontrá-la com aparência quase selvagem no sul de Portugal em casas de férias, desabitadas durante a maior parte do ano. Este fenómeno tem uma simples explicação: – A buganvília não aprecia regas frequentes, sendo a sua floração mais expressiva se se limitarem as regas ao mínimo. Nos jardins, em que esta espécie partilha o seu espaço com outras plantas é comum a rega diária nesta época do ano e assim sendo o seu crescimento e floração são reduzidos. Esta é talvez a regra mais importante para o sucesso da sua floração, limitar a água ao mínimo. A buganvília não suporta encharcamento, pelo que se deve evitar plantá-la em solos mal drenados ou argilosos. O seu rápido crescimento exige no entanto solos férteis, ricos em matéria orgânica.

Embora exista uma enorme variedade de híbridos de diversas cores são as formas roxas e rosa, as mais resistentes e de crescimento mais rápido. A floração depende da exposição ao sol, pelo que o quadrante sul, com pleno sol é preferível.

Esta planta é originária do Brasil, e deve o seu nome ao oficial de marinha francês, Louis Antoine de Bouganville.

L. A Bouganville recebe do Rei Luis XV, a missão de realizar uma viagem de circum-navegação, como forma de recuperar o prestígio perdido pela França, nos mares do sul. Em 1766 parte em expedição, acompanhado pelo naturalista e astrónomo Philibert Commerçon e o seu criado Jean Baré. Ao aportarem no Taiti para iniciarem a sua expedição botânica, Jean Baré foi rodeado por habitantes locais e acusado de ser uma mulher. De facto assim era, Jean Baré era efectivamente Jeanne Baré, que sabendo estar interdito ás mulheres integrarem uma expedição desta natureza , terá ludibriado a tripulação. Foi desta forma que pela primeira vez uma mulher realizou uma viagem maritima à volta do globo. Os seus conhecimentos de botânica, a coragem e tenacidade, foram igualmente importantes como ajudante do seu amo, Philibert Commerçon.

A importância desta expedição não se ficou apenas por este episódio invulgar. Bouganville, é autor do livro Voyage autour du monde, onde descreve o Taiti como um paraíso na terra. A enorme diferença da sua abordagem sobre os povos nativos deve-se ao facto destes serem observados de uma forma humana, descrevendo-os como inocentes e indiferentes à corrupção da civilização, lançando a ideia do “bom selvagem”. Este novo olhar influenciou o pensamento filosófico da época, nomedamente Jean-Jacques Rousseau que viria a ser autor da frase “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” resumindo o espírito da Revolução Francesa e o inicio da idade contemporânea

A buganvilia deve assim o seu nome em homenagem a este homem que a terá certamente merecido.<–>

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