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Os meus Jardins: Jardim Botânico do Porto

Texto: Luisa Dias Mendes Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

Com uma coleção botânica fabulosa, mais intimista e cheio de pequenos jardins dentro do jardim e todos contam uma história.
A influência dos ingleses e escoceses que comercializavam o vinho do Porto foi crucial para o aparecimento destas casas burguesas que começaram a aparecer foram do centro e com vistas rasgadas para o Rio Douro. No século XIX o gosto pela botânica estava em alta e a troca de plantas de todo o mundo era comum.
Este espaço evolui passando da esfera privada para espaço público na segunda metade do séc. XX sendo um polo de ensino e aprendizagem da Botânica e da Arquitetura Paisagista.
Recomendo um olhar atento pela coleção do Jardim dos Catos e Suculentas e se tiver oportunidade não deixe de visitar as estufas onde pode admirar exemplares do nenúfar Victoria amazonica.
Mas estes são apenas alguns dos atrativos tem muito por onde explorar.

“O Jardim Botânico da Universidade do Porto afirma-se hoje, na cidade e na Universidade como um lugar especial, único e referencial.
Constitui um espaço verde ordenado e desenhado de elevada qualidade paisagística, elevada riqueza em biodiversidade e elevado significado artístico e simbólico. Distingue-se ainda pelo acesso público e pelas oportunidades que gera ao nível da conservação, recreio e aprendizagem.”
Paulo Farinha Marques Diretor do Jardim Botânico do Porto

O mês de Setembro, altura em que visitámos não será o mês de maior profusão de cor, mas este é um jardim para visitar todo o ano.
Um dos principais destaques do Jardim são sem dúvida as sebes altas de japoneiras (Camellia japonica). Algumas de origem portuguesa criadas no final do sec. XIX, com cerca de 3 metros de altura, aqui encontramos uma coleção notável de cerca de 750 espécies, algumas com nomes de famílias importantes da altura.
Esta coleção recebeu recentemente um Galardão “International Garden of Excelence” atribuído pela International Camellia Society. Esta coleção foi desenvolvia por botânicos portuenses e são cultivares( a partir de uma espécie natural, é submetida a melhoramento genético, apresentando características perfeitamente identificáveis que a distinguem de outras variedade) portuguesas o que lhe confere o estatuto de coleção extraordinária.
Estas sebes enquadram os jardins formais, designadamente o Jardim dos Jotas , Roseiral e Jardim do Peixe situados a sul da casa no patamar central e os seus topos ligam-se por passagens talhadas nas próprias sebes de japoneiras. Do lado poente da casa o bosquete do liquidâmbar onde se destaca esta árvore notável (Liquidambar styraciflua) e o carvalho roble (Quercus robur). Este é o carvalho do Rapaz de Bronze do conto de Sophia.
Destaco também a bordadura junto à casa, é uma mista autóctone concebida com espécies de origem na região continental portuguesa e da região mediterrânica. Subarbustivas e herbáceas pontuadas por cerejeiras-bravas (Prumus avium). Esta bordadura tão ao estilo da paisagista Gertrude Jekyll foi executada no âmbito da exposição “A evolução de Darwin” que teve aqui lugar em 2011. Vendo fotos da época e vendo agora existe realmente uma grande evolução nesta composição vegetal naturalista composta por Cistus, Lavandulas, Ericas, Taxus baccata, Elicrisium, Lalus nobilis.

O Jardim também é de Sophia que aí passou parte da sua infância e juventude na companhia de seu primo Ruben A. Embora aí não morasse estava em proximidade da casa da Avó Joana.
“…Para uma criança aquela casa da nossa Avó ao Campo Alegre, aquele enorme jardim com os altíssimos plátanos, as tílias, o carvalho, ao lado do ténis, as camélias, o roseiral, o pomar, as adegas, o pinhal, os morangos selvagens eram um mundo, um reino que permanece como uma inesgotável memória inspiradora. Nunca se consegue dizer tudo.”
Sophia de Mello Breyner Andresen

O Jardim Botânico hoje
Em 1983, o Jardim Botânico encerrou ao público na sequência do seu estado de degradação, tendo reaberto em 2001, após uma primeira intervenção de contenção dessa degradação. A oportunidade de uma candidatura ao Programa ON (CCDRN) permitiu renovar as redes de caminhos, rega, drenagem e elétrica e foi ainda possível realizar um conjunto de outros melhoramentos. A obra obrigou ao encerramento do jardim ao público em Julho de 2006 tornando-se possível concluir esta nova fase da intervenção em Maio de 2007 e assim proceder à sua reabertura.
Atualmente o Jardim Botânico está organizado em três patamares com caraterísticas muito distintas. No primeiro patamar, envolvendo a Casa Andresen, desenvolvem-se os jardins formais, separados pelas altas sebes de camélias centenárias, e influenciados pelo movimento Arts and Crafts. No segundo patamar, encontra-se o jardim de plantas xerófitas com diversos catos e plantas suculentas e onde podemos encontrar a estufa de catos, a estufa tropical e a estufa de orquídeas. Finalmente, no patamar mais baixo, localiza-se o arboreto, no qual se encontram as coleções de coníferas, plantas autóctones, o fetário e o maior lago do Jardim.
O Jardim Botânico do Porto assume hoje importância pela sua vertente botânica, possuindo um conjunto significativo de espécies quer pela sua raridade quer pela sua dimensão, nomeadamente espécies exóticas. Representativo das quintas de recreio do Porto oitocentista.

Já faz parte da nossa Biblioteca e queremos recomendar vivamente o Livro “Jardim Botânico do Porto – 150 Anos de Culto pelas Plantas” da Autoria de Teresa Andresen e Ana Catarina Antunes. Editado em 2018 documento importante e muito bem elaborado que atravessa toda a história deste jardim.

Contactos
Jardim Botânico do Porto/MHNC-UP
Morada: Rua do Campo Alegre 1191, 4150-181 Porto
Horário: 9h ás 19h
Web: https://jardimbotanico.up.pt/

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1 Comments

  1. M Luisa M Gonçalves 15 de Dezembro de 2020

    É um jardim mágico. Recomendo também o Programa Paraíso (RTP 2) sua edição 17ª visita este espaço e tem informação importante sobre este Jardim Maravilhoso.

    Responder

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