Os meus Jardins: Jardins do Palácio do Marquês de Pombal
No coração de Oeiras
Num típico dia de Outono a luz do sol refletia nas paredes ocres do Palácio acabado de ser renovado e nas esculturas de mármore, proporcionando cenários de extraordinária beleza.
Os jardins e planos de água estão numa faze adiantada da sua recuperação e convidam à sua fruição quer pela sua beleza estrutural e ao diálogo permanente que estabelece com o palácio.
No coração de Oeiras este é espaço privilegiado para os seus habitantes e um importante fator de atração para quem gosta de visitar Jardins com História.
Infelizmente e de acordo com a informação recolhida na nossa visita o Palácio não está de momento, aberto ao público, só abre para eventos específicos que se encontram em calendário no site da Câmara Municipal de Oeiras.
Texto: Lobo do Mar Fotografia: Viver com Gosto
As duas Araucárias “Araucaria Heterophyla Salisb” elevam-se para lá dos telhados do palácio e marcam a sua localização na paisagem.
Aqui os azulejos contam histórias e as esculturas dançam e movem-se na nossa frente
Caminhar pelos Jardins do Palácio do Marquês de Pombal é uma viagem no tempo onde os jardins formais convivem com as hortas e lagares, um expoente da conceção barrouca. Nos espaços mais formais como o Jardim de Buxo e Terraço das Araucárias temos uma visão abrangente de quase todo o espaço marcado pela água como elemento de ornamentação. É também nesta zona que a componente estatuária e o azulejo, alguns deles em estilo rococó da segunda metade do século XVIII, marcam presença. Num patamar inferior temos o Jardim de Flores criado por Gonçalo Ribeiro Telles.
Atravessada a Ribeira da Laje temos um espaço cénico do jardim de influência italiana, a Gruta Nobre ou Cascata dos Poetas. Um lugar de contemplação com duas varandas a um nível superior. Logo ao lado temos, numa zona de transição, a horta ajardinada em talhões onde pontificam os citrinos e roseiras.
O jardim da Fonte das Quatro Estações é um dos mais impactantes neste espaço verde. Mais uma vez o elemento água pontifica na decoração e organização deste jardim. Como curiosidade, a quinta possui um complexo sistema hidráulico construído para funcionar por gravidade. A maior parte dos elementos de água está ligado ao sistema original sendo o lago da rosa-dos-ventos (Jardim de Flores), o único com um sistema independente.
Adjacente ao jardim da Fonte das Quatro Estações temos o Jardim das Merendas, a cota mais elevada, com acesso por escadaria semi-circular, de cinco degraus. Esta área é limitada por gradeamento e colunas de mármore encimadas por vasos e nela se dispõem simetricamente duas grandes mesas de pedra e dois tanques rectangulares.
A Gruta Nobre ou Cascata dos Poetas
Integra 4 bustos dos poetas Épicos Homero, Virgílio, Camões e Tasso esculpidas em mármore por Machado de Castro . A Figura central é o Deus-Rio (figura alegórica ao rio Tejo), inspirada nas que existem nos Jardins Renascentistas do Belvedere do Vaticano em Roma.
História
A Quinta do Marquês de Pombal é um notável conjunto monumental barroco do século XVIII tendo servido de residência a Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, que aí investiu o seu vasto conhecimento que adquiriu como Embaixador em Londres e em Viena de Áustria.
A personalidade que esteve na génese do que vemos aqui hoje, é Carlos Mardel, engenheiro militar de nacionalidade húngara, nascido em 1695, com formação em Inglaterra e França e chegou a Portugal em 1733 onde veio a falecer em 1763. A quantidade e diversidade de obras que coordenou e assinou em Portugal apresentam-no como um artista multifacetado em termos estilísticos e estéticos, refletindo algumas influências francesas.
“A sua obra mais marcante e complexa foi, no entanto, o Palácio do Marquês de Pombal, que decorreu entre 1759 e 1770, com uma notável articulação entre as fachadas e os jardins, concebidos como espaços arquitetónicos que prolongavam o edifício, de acordo com um esquema geométrico que punha em relação diferentes áreas onde desenvolveu programas decorativos e cenográficos em que os azulejos desempenharam um papel de fulcral importância.
As portas do piso térreo abrem-se ao amplo jardim que prolonga o espaço de sociabilidade – os passeios, as merendas, os jogos, a música e a dança, fazem parte da componente recreativa da quinta, que exibe ainda cascatas, tanques, terreiro dos jogos e um pequeno cais, que permitia navegar na Ribeira da Laje”.
O Palácio dos Marqueses de Pombal permanece como um testemunho da personalidade de Sebastião José de Carvalho e Melo, que pretendeu transformar toda esta área num espaço cultural de cariz profano, interligando num mesmo programa casa e jardins É na segunda metade do século XVIII que os edifícios, até então existentes na quinta, são objeto de profundas alterações e ampliações, associadas a uma campanha decorativa (azulejaria, estuques, frescos, conjuntos escultóricos) determinante para a valorização como Monumento Nacional do Palácio e Jardins dos Marqueses de Pombal. No mesmo período, para além da intervenção “monumental”, o Marquês de Pombal e Conde de Oeiras leva a cabo uma exemplar estruturação funcional da sua propriedade, sustentada por um plano global integrador, o que viria a fundamentar o processo em curso para a classificação patrimonial do conjunto restante da quinta. Sebastião José de Carvalho e Melo pretendeu criar, não apenas mais uma quinta de recreio nos arredores de Lisboa que servisse os seus interesses culturais e eruditos, mas também uma exploração agrícola modelo.
Em 1965 os jardins foram alvo de uma intervenção da autoria do arquiteto paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles, na altura este espaço estava na posse da Fundação Calouste Gulbenkian.
O Palácio e Jardins ocupam cerca de 6 hectares que o Município de Oeiras adquiriu em 2003 ciente do seu elevado valor patrimonial e histórico.
Abertos ao público em 2004 assim como o Largar de Azeite recuperado pela autarquia e inaugurada em 2010.
Desde a abertura ao público, o Palácio Marquês de Pombal e os jardins envolventes, têm sido procurados por inúmeros visitantes e palco de numerosos eventos.
As várias atividades propostas pelo serviço educativo do Palácio, têm enriquecido o dia-a-dia deste monumento e têm proporcionado um maior conhecimento do edifício, da família Carvalho e da sua história.
Esperemos que para breve seja possível visitar o Palácio do Marquês de Pombal e ter a oportunidade de contemplar um dos melhores conjuntos decorativos do período pombalino, rico em estuques e azulejos. Também se destaca o Fogão de Sala da Casa Maison Fourdinois, na sala de entrada do Palácio. Esta peça, alvo de restauro, é considerada como uma das obras emblemáticas da casa parisiense.
Material Vegetal: acácia (Acácia longifolia), araucaria (Araucaria heterofila), castanheiro da Índia (Aesculus hoppocastanum), lodão-bastardo (Celtis australis), Corynocarps laevigata, cipreste (Cupressus glabra), laranjeira (Citrus sinensis), Olaia (Cercis siliquastrum), dragoeiro (Dracaena draco), eucalipto (Eucalyptus globulus), nespereira (Eriobotrya japonica), freixo (Fraxinus angustifolia), figueira (Ficus carica), árvore-da-borracha (Ficus elastica), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), palmeira (Howea forsteriana), Ligustrum lucidum, magnólia (Magnólia grandiflora), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), choupo-branco (Populus alba), choupo-negro (Populus-nigra), plátano (PlatanusXhispanica), romanzeira-de-jardim (Punica granatum), oliveira (Olea europaea var. europaea), palmeira (Washingtonia filifera).
Sobre os Azulejos
Os painéis de estilo rococó da 2ª metade do séc XVIII de grande intensidade cromática que ornamentam os muros, escadarias terraços representam motivos florais, geométricos e que representam cenas da vida quotidiana, das caçadas aos passeios na ribeira corridas de fidalgos em falcoarias e montarias bem como temas mitológicos.
Horário : Aberto todos os dias (excepto 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa e 25 de Dezembro)
Verão 1 de Maio a 30 de Setembro das 9h às 21 h
Inverno 1 de Outubro a 30 de Abril das 9h às 18h
Loja do Palácio/receção Contacto 21 4430799
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