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Mudança de Cor

Chegando a esta época de Outono com a transformação da luz e consequentemente da cor, é quase impossível ficar indiferente aos fantásticos tons que as folhagens nos vão oferecer. Muitas são as espécies que se preparam para o frio, armazenando as suas reservas energéticas, perdendo as folhas e preparando o seu período de repouso que só terminará quando as temperaturas voltarem a subir na Primavera.

De entre as muitas árvores de folha caduca que habitam o nosso território, será talvez o castanheiro a que melhor exprime a essência do Outono. O odor a fumo das castanhas assadas voltará a estar presente nos nossos dias e com ele teremos a confirmação de toda a mudança. Se na cidade são os vendedores de castanhas que confirmam a chegada do Outono é no campo que melhor podemos apreciar a magnífica mudança de estação.

Sendo o castanheiro ou “árvore-do-pão”, uma espécie de enorme valor, sobre diversas formas, não podia deixar de lhe dedicar algumas linhas.

Julga-se que o castanheiro tem as suas origens na Ásia Menor. A sua dispersão pela Europa setentrional terá sido iniciada pelos gregos, pensando-se até há pouco tempo que a introdução em Portugal se ficara a dever aos romanos, cerca de 2000 anos. No entanto estudos recentes comprovaram a ocorrência de pólen fóssil de flor de castanheiro com 8000 anos, na Serra da Estrela, ou seja no Paleolítico. Sem certezas sobre a história exacta desta espécie, o certo é que o castanheiro proporcionou alimento, e madeira de muito boa qualidade desde sempre. O pão de farinha de castanha era comum na Idade Média donde vem o nome de “arvore – do – pão que já referimos. No entanto a área de castanheiro foi ao longo da história sistematicamente reduzida, quer pelo desenvolvimento da agricultura, quer pela pastorícia. O “golpe fatal” para esta espécie acontece com a introdução da batateira, durante o período dos descobrimentos.

Com esta alteração dos hábitos alimentares a importância do castanheiro, fica quase confinada à produção de madeira e lenha, sendo a castanha substituída por batata, embora a castanha tenha qualidades muito superiores do ponto de vista nutritivo.

A castanha manteve mesmo assim um papel social importante, nos magustos de São Martinho e numa prática de “rebusco” ou “rabisco” que consistia na permissão dada pelos proprietários dos soutos para que as pessoas mais carenciadas pudessem colher as castanhas caídas no solo após as colheitas. Esta fonte de alimento seria com certeza da maior importância.

A castanha, como alimento de Inverno era consumida à lareira, e havendo uma mulher grávida na casa, era comum atirar para as brasas, uma castanha “chocha”, ligeiramente humedecida, e se a castanha rebentasse a criança seria rapaz. Uma coisa é certa as probabilidades de acertar eram de 50%, o que do ponto vista estatístico é excelente.

O castanheiro é uma espécie exigente, necessitando de solos ricos em matéria orgânica, ligeiramente ácidos e ambientes húmidos, com climas temperados, nomeadamente aqueles em que o período de calor estival não é muito prolongado. Estas condições de clima e solo acontecem essencialmente no norte do país, bem como nalgumas regiões da beira interior. No sul existem estas condições apenas na Serra de Monchique.

Algumas situações particulares de microclima permitem a plantação desta espécie noutras regiões, que não as consideradas ideais, pelo que é possível tentar utilizá-la como ornamental, nos nossos jardins, desde que cumpridas as condições referidas. A promessa de um dia nos surpreender com a sua enorme beleza será seguramente cumprida.

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1 Comments

  1. manuel antonio pinho 26 de Outubro de 2011

    Artigo interessante. Obrigado pelo artigo. Continue e a leitura dos mesmos será mt agradável.

    Responder

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