Num mundo cada vez mais industrializado os artesãos são muito procurados por aqueles que querem não só uma peça única mas também uma peça que complemente verdadeiramente as suas necessidades e o espaço onde vão habitar.
Esta é uma pequena entrevista ao artesão Carlos Abreu e algumas imagens dos seus trabalhos em madeira, muitos deles para os jardins mas também alguns trabalhos curiosos para a casa.
Como é que caracteriza o estilo do seu design?
O estilo das obras que produzo é vulgarmente conhecido por “ecodesign” ou “neo-rústico”. São designações para peças onde prima a natureza, onde quem trabalha o material tenta que seja a madeira a falar por si. Em certos casos é a forma natural que sugere o seu uso. Noutros casos há um maior trabalho do artesão mas tento sempre que a peça permaneça o mais perto possível da forma e do aspecto com que me chegou às mãos e pelo qual foi escolhida.
Como é o começo de cada peça, existe alguma fonte de inspiração e preparação ou surge com uma certa naturalidade?
A maior parte das peças que executei foi feita por encomenda. O projeto é portanto o mais discutido possível com o destinatário e penso que assim deverá continuar a ser. Todos os trabalhos são absolutamente únicos, exclusivos. Convém portanto que o interessado se aproprie da peça desde o momento em que começa a discutir o projeto ou ainda a ideia.
Para mim ficam as tarefas do artesão, o aconselhamento, a escolha do material, a “engenharia” da peça e a execução.
Especialmente para espaços exteriores quais são as principais preocupações na escolha da madeira que se vai utilizar?
Em termos de conselhos gerais que se podem dar a quem quer ter peças de madeira na “rua”, diria que:
Aceite que a madeira é um material perecível. Tal como nós; A longevidade das peças tem muito mais a ver com as suas formas, a execução e com os cuidados de manutenção que lhe dispensamos do que com o tipo de madeira utilizado; Como regra geral, a madeira deve ser espessa, o desenho deve ser simples e sem “mecanismos” e deve permitir o fácil e rápido escoamento das águas.
Não é portanto imprescindível, e quase nunca necessário, o emprego de madeiras exóticas.
Utiliza a madeira em conjunto com outros materiais ou evita a conjugação de mais do que um material em cada peça?
Até ao momento, não tive ainda a oportunidade de utilizar nas minhas peças outro material para além da madeira.
Por princípio evito a utilização de ferragens recorrendo o mais possível a encaixes e outros processos de junção e fixação das peças.
Quais são as principais vantagens da madeira em relação a outros materiais, nomeadamente o plástico que é muito utilizado em mobiliário de exterior?
É o prazer do natural. A um objeto em sintético exijo que cumpra uma função e se integre numa decoração; com um objeto idêntico em madeira, para além do bom cumprimento da função, pode ser o objeto a propor a decoração por exemplo pela beleza da madeira de que é feito. Com a madeira, enfim com o que é natural, conseguimos estabelecer uma relação e eu gosto disso.
Em termos de projetos a médio prazo qual é o seu objetivo como artesão e designer?
Assumo-me apenas como artesão e os meus objetivos serão sempre os de melhorar tecnicamente e assim dar melhor resposta aos desafios que surjam.
Para mais informações contacte Carlos Abreu para o email carlos_gabreu(arrouba)hotmail.com.
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