No verão a Victoria cruziana é uma das surpresas que marcam a experiência de quem nos visita. O aspeto exótico e imponente desta planta é tão surpreendente e inesperado que muitos dos nossos visitantes não resistem em perguntar-nos se a planta é mesmo verdadeira.
O género Victoria, cujo nome foi atribuído por Lindley, em 1838, em homenagem à Rainha Victoria, é constituído por apenas duas espécies de nenúfares gigantes: Victoria amazonica e Victoria cruziana. Estas espécies de plantas aquáticas, pertencentes à família Nymphaeaceae, são peculiares não só pela dimensão e morfologia das suas folhas mas, também, pela beleza das suas flores.
A espécie Victoria cruziana, comummente conhecida por nenúfar de Santa Cruz, foi nomeada em 1840, por d’Orbigny, em homenagem ao general Santa Cruz da Bolívia, e sobrevive em águas com temperaturas ligeiramente inferiores às exigidas pela espécie irmã Victoria amazonica (21oC a 24oC).
Trata-se de uma espécie de nenúfar com origem na América do Sul (Norte da Argentina, Paraguai, Brasil e Bolívia) que fora do seu habitat natural dificilmente é encontrada ao ar livre.
O Parque Terra Nostra, graças ao clima ameno dos Açores e à existência de recursos naturais, que permitem manter a água do lago a temperaturas ideais para a sobrevivência desta planta, torna-se assim num dos únicos jardins da Europa a possuir este nenúfar ao ar livre.
As folhas da Victoria cruziana caracterizam-se pela cor verde, com rebordos altos até 20cm, e ligeiramente arroxeados, e por terem espinhos na página inferior. Em condições ideais essas folhas conseguem atingir os 1,20m a 1,80m de diâmetro, suportando o peso equivalente ao de uma criança (20/30kg).
As suas flores, que abrem sempre ao anoitecer, e cujo processo de abertura pode ser acompanhado, adquirem várias tonalidades e formas durante o seu ciclo de vida, beleza rara e efémera, já que sobrevivem apenas 48h.
Na 1ª noite de abertura da flor, esta apresenta cor branca. Ao longo do dia seguinte, a flor fecha novamente e adquire tons rosa claro.
Na 2ª e última noite, a flor volta a abrir-se na sua totalidade, apresentando tons de branco e rosa escuro, emitindo perfumes que atraem os insetos responsáveis pela polinização. O processo termina após a fertilização da flor, que volta a fechar-se e a mergulhar sobre a água, local onde os frutos amadurecem.
No Parque Terra Nostra, esta planta comporta-se como sendo uma planta anual, necessitando, todos os anos, de se proceder à sua sementeira.
A planta pode ser observada entre Agosto e Novembro, contudo, Agosto e Setembro é a altura em que a esta atinge o seu máximo crescimento e beleza.
Carina Amaral Costa, com 29 anos, é natural da Ilha de São Miguel, Açores.
Concluiu, na Universidade dos Açores, uma licenciatura e mestrado em Agronomia, e desempenha as funções de Eng. Agrónoma no Parque Terra Nostra desde 2012.
Colabora com o Portal do Jardim dando largas ao gosto pela escrita e pela partilha de conhecimentos.
Promete, mensalmente, relatar o seu quotidiano num dos parques mais ricos a nível botânico, abordando conteúdos sobre plantas, técnicas de jardinagem utilizadas, problemas fitossanitários e respetivos tratamentos. Todavia, e perante tamanha diversidade existente no local onde trabalha, os conteúdos a abordar são ilimitados.
Uma planta apaixonante!
Lindos exemplares!
Parabéns!
Obrigada!