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Doces e Delicadas Violetas

[img]https://www.portaldojardim.com/artigos/plantas_saberes/violetas110308/abertura.jpg[/img] 

[i]Fotos: Fernanda Botelho[/i]

Frágeis, tímidas e perfumadas, as violetas ([i]viola odorata[/i]), escondem-se por debaixo da sua densa folhagem, salpicando o jardim de pequenos pontos roxos,desde fevereiro até ao príncipio do Verão.

[b]História[/b]

[url=https://www.portaldojardim.com/artigos/plantas_saberes/violetas110308/02.jpg][img]https://www.portaldojardim.com/artigos/plantas_saberes/violetas110308/thumbs/02.jpg[/img][/url]
 

Desde a antiguidade que a violeta está associada ao amor, à humildade e à inocência, sendo talvez por isso também uma planta funerária. É mencionada na mitologia grega referindo-se aos amores entre Zeus e um bela sacerdotisa. Em Atenas festejava-se o regresso da Primavera com violetas cobrindo as crianças maiores de 3 anos com estas flores. No banquetes, tanto na Grécia com em Roma, os adultos usavam grinaldas de violetas pois acreditavam que lhes refrescava a cabeça e aliviava as ressacas. Os romanos eram grandes apreciadores de vinho de violeta, enquanto que os egípcios e os turcos deliciavam-se com o sorvete de violeta. Na Roma antiga comemoravam o Dia dos Mortos ([i]dies violores[/i]) dia das violetas.

Na crença cristã, Cristo reencarnado é representado com um manto de violetas e está associado à Paixão de Cristo. Em França era o emblema político dos apoiantes de Napoleão e quando da sua morte no desterro, foi-lhe encontrado ao pescoço um medalhão onde guardava alguns cabelos do seu filho e duas violetas secas. A partir do séc. XV a violeta tornou-se a planta mais abundante nos jardins dos mosteiros, sendo utilizada na culinária e na medicina popular em infusão para aliviar insónia, dores de cabeça e sintomas de tristeza. Priscianus, médico bizantino do séc. IV aconselhava a comer as três primeiras violetas que encontrassem no bosque pois isso serviria de preventivo contra todas as doenças para o resto do ano. Dizem que a variedade de flor branca em estado espontâneo é um verdadeiro elixir da beleza e longevidade, uma tisana com 5 violetas brancas fazia parte dos rituais druídas. Estas possuem um aroma considerado afrodisíaco e acredita-se que são portadoras de boa sorte.

As violetas foram inspiradoras de Homero e Virgílio, Shakespeare, Shelley e Goethe.

[b]Descrição e habitat[/b]
Existem cerca de 700 variedades de violetas, a maioria de cor roxa, mas também existem cor-de-rosa e brancas (estas mais raras). Existem variedades cultivadas e variedades espontâneas (violeta silvestre ou violeta-de-cheiro). A violeta-de-cheiro ([i]viola odorata[/i]) é uma planta herbácea e vivaz da família das violáceas, possui caules longos rastejantes, rosetas de folhas em forma de coração de um verde muito brilhante, flores roxas ou brancas de 5 pétalas semelhantes a pequenas orquídeas. Cresce espontânea em sítios húmidos e sombrios, sebes e moitas, prefere solos calcários, e cresce um pouco por toda a Europa, América do Norte, Rússia, Índia, Ásia do Norte, Nova Zelândia e Austrália.

O amor-perfeito-silvestre ([i]viola tricolor[/i]) conhecido em francês como [i]pensée sauvage[/i], em inglês [i]pansy[/i] é da mesma família e tem muitas propriedades semelhantes.

[b]Composição[/b]
Muito rica em vitamina C e A, glicócidos fenólicos (mirosina e violina), flavonóides e mucilagem. OS risomas contêm saponinas e um alcalóide, a adorantina. As flores possuem óleo essencial composto de um corante azul e de um composto odorante: o irone.

[b]Propriedades[/b]
As flores e folhas são expectorantes e demulcientes, muita efectiva em xaropes ou tisanas para combater tosse, bronquite e asma, com acção sudorífica e anti-inflamatória. A raíz é um expectorante muito mais forte devendo ser tomado com precaução pois pode ser purgativo. É ainda muito utilizada para tratar problemas de pele como psoríase e eczema. Pode ainda ser utilizada para tratar a longo prazo problemas e de reumatismo e infecções urinárias. Está associada ao tratamento do cancro da mama, mastite e quistos fibrosos em forma de compressas ou internamente em forma de chá de folhas e flores.

[b]No jardim[/b]
Propaga-se a a partir de semente ou por divisão de rizomas que convém ir separando e preparando para obter mais quantidade de flores. Gostam de climas frios e de sombra. No Inverno não é necessário protegê-las do frio pois a exposição à geada torna-as mais robustas e resistentes. Pode dar-se em vaso desde que estejam na sombra. As flores devem colher-se logo após a sua abertura. A violeta é um dos componentes de alguns fertelizantes de agricultura biodinâmica juntamente com bolsa-do-pastor e cavalinha para pulverizar couves e beterrabas.

[b]Na cosmética[/b]
Muito utilizada desde a antiguidade na perfumaria de onde se extraía o óleo essencial: o irone. Os antigos gregos eram grandes mestres da destilação e fabricavam um perfume a partir das flores de violeta, alfazema, melissa e rosa. Em França cultivam-se ainda vários tipos de violetas para serem usadas na cosmética e perfumaria. Existem vários sabonetes e cremes para pele à base de violeta.

[b]Culinária[/b]
As violetas são utilizadas na decoração de pratos, na confecção de saladas, as folhas podem também ser utilizadas mas mudam de cor, tornando-se mais pálidas, quando combinadas com limão ou outros ácidos. Pode-se fazer geleia, xarope ou cristalizar as flores.
[b]Xarope[/b]: verter água a ferver por cima das flores e deixar repousar durante um dia. Depois de coadas as flores, juntar sumo de limão e açúcar a gosto e voltar a ferver até atingir uma textura de xarope. Pode ainda juntar algumas flores de violeta num frasco de mel ou numa garrafa de vinagre para assim torná-los mais aromáticos.

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