manjericão grande ou manjericão doce (Ocymum basilicum) é uma planta herbácea anual da família das mentas que também são lamiáceas (labiadas) e existem cerca de 150 variedades – uma delas é o nosso manjerico dos santos populares- todas elas com propriedades muito semelhantes. É conhecida entre nós por alfádega, basílico, alfavaca, erva-real ou manjericão de folha grande. Chega a atingir 45cm de altura e 30 de amplitude. É originária do Médio Oriente, Índia e região mediterrânica, mas é hoje plantado um pouco por todo o mundo. Apareceu na Europa no séc. XVI. Na Índia é uma planta sagrada e é muito plantada nos templos onde é conhecida pelo nome de tulsi (Ocymum demiflorum). Era também uma planta simbólica para os antigos gregos e romanos que acreditavam que esta continha poderes de reconciliação. No norte da Europa e no Haiti está associada ao amor. Não há hoje aldeia grega onde não paire nos ares o doce perfume do basílico (Ocymum minimum), também conhecido por greek basil e que corresponde ao nosso manjerico dos santos populares o qual não serve só para enfeitar mas também para cozinhar e afastar as moscas das sardinhas. Os gregos utilizam-na também para esse fim, plantando-a na entrada das casas como sinal de boas-vindas mas também para manter afastadas as moscas.
O seu aroma e sabor vem-lhe do óleo assencial anetol que também é um dos constituintes principais do anis, o componente estragol também existente no estragão, eucaliptol e eugenol também fazem parte do cravinho e o linalol que também existem na alfazema. Daí o forte aroma quase inibriante do manjericão. É uma boa fonte de beta-caroteno que é a vitamina A existente nos vegetais e frutos amarelos. Tem ainda cálcio e vitamina C.
É um tónico geral do organismo e desinfectante digestivo. Aperitivo, estimula o fígado, é diurético e refrescante. É ainda utilizado para aliviar inflamações dos brônquios, gases intestinais, vertigens, insónias nervosas, espasmos gástricos, depressão e perdas de memória. Estudos feitos sobre esta planta indicam que é um estabilizador dos níveis de glicémia, podendo ser utilizado para controlar a diabetes. Quando aplicado na pele, pode causar alergias nas peles mais sensíveis. De acordo com a America Cancer Society, uma dieta rica em vitamina A pode diminuir o risco de alguns tipos de cancro. Em forma de chá, alivia dores de cabeça de origem nervosa e regulariza o ciclo menstrual. Quando diluido em água com algumas gotas e inalado, o óleo essencial pode ser usado para tratar bronquite crónica e sinusite. Quando diluído em óleo de amêndoas doces ou azeite, pode utilizar-se em massagens para aliviar dores reumáticas e inflamações das articulações.
A cozinha tradicional italiana é quase impensável sem basílico onde é o componente principal do pesto. Muito utilizado para condimentar pratos, massa, saladas, peixes, cereais, carne, cogumelos, pizas, enchidos, molhos, ovos. Combina muito bem com queijo fresco. Utiliza-se ainda no fabrico de licores. Quando seco pode juntar-se ao vinagre ou azeite para lhe conferir o sabor. Para que conserve melhor o seu aroma, é preferível utilizá-lo cru, picado ou moído. Pode substituir o tomilho, a segurelha ou o alecrim.
4 mãos cheias de folhas de manjericão frescas; 1 dente de alho grande, descascado e esmagado; 30g de pinhões; 30g de queijo parmesão ou pecorino ralado; 5 a 6 colheres de sopa de azeite extra virgem. Como alternativa aos pinhões, pode usar sementes de girassol ou nozes. Existe também pesto de salsa ou coentros.
Coloque todos os ingredientes na trituradora excepto o azeite e triture tudo. Depois junte o azeite pouco a pouco, mexendo sempre até obter uma pasta espessa e verde.
FERNANDA BOTELHO nasceu em Tojeira/Sintra em agosto de 1959.
Aos 18 anos viaja para Londres onde estuda antroposofia e plantas medicinais e pedagogia Montessori.
Fez o curso de guia de jardim botânico com a Alexandra Escudeiros e gostou tanto que repetiu no ano seguinte.
Apaixonada por jardins botânicos, é frequentadora assídua de Kew gardens. Absorve o que vê, fotografando e escrevendo.
Publica anualmente desde 2010 agendas de plantas medicinais, três livros infantis “Salada de flores” “Sementes à solta” e “Hortas aromáticas”. “As plantas e a saúde, guia de remédios caseiros”. É colaboradora do programa Eco-escolas desenvolvendo projetos de plantas medicinais e hortas sustentáveis nos espaços escolares com professores e alunos.
É convidada regular da RTP 1, organiza passeios botânicos e dá workshops sobre plantas medicinais.
Blogue Malva Silvestre.
Interessantíssimo este artigo! interesso-me muito por plantas de toda a espécie, mas principalmente pela aromáticas ou medicinais, porque acredito na sua composição, é delas que são extraídos muitas substâcias que estão na base de medicamentos.
Vivo no campo e contacto muito com plantas e gostaría de ter vivido profissionalmente nesta área. A.
A primeira imagem é um manjerico e não um manjericão.
Gostava de ter cá em casa, manjerico e manjericão, mas será que se dão pelo Algarve?! Como plantar e manter?!
Saudações
RA