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O Hotel Palace da Curia é único…

Os seus jardins inspiram-nos e remetem-nos para outras épocas.

Texto: Claudia Schwarzer Fotografia: Lobo do Mar

O jardim do Hotel Palace da Curia, perto da Mealhada, é uma peça da Arte Nova. Foi construído nos anos 20 do século passado, desenhado provavelmente pelo arquiteto responsável pela a obra do Hotel, Manuel Joaquim Norte Júnior. Um jardim de forma muito ornamental e simétrico, totalmente orientada pelo edifício no estilo da Belle Epoque a sublinhar a monumentalidade do mesmo.

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A renovação do jardim histórico da Arte Nova do Hotel Palace da Curia realizou-se nos anos 2006/2007 e esteve a cargo do atelier de Claudia Schwarzer e Udo Schwarzer.

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O objetivo era o restauro ser fiel ao padrão original, condição imposta pelo atual proprietário Alexandre de Almeida. Infelizmente não existiam planos originais do projeto do jardim.

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A pesquisa e consulta de fontes históricas e fotografias antigas existentes comprovaram que a estrutura principal do jardim, com as suas alamedas e sebes formalistas, foi mantida no padrão original desde há décadas, tendo sido revitalizado o espírito da Belle Epoque para as áreas exteriores do Hotel Palace.

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Foi compilada na fase de preparação do projeto, uma lista de espécies ainda existentes no jardim, e, seja pela prova com fotografias antigas, seja pela idade de algumas plantas ficou claro como a Arte Nova, com a sua paixão pelas formas orgânicas e fluidas, influenciou de forma evidente o projeto original do jardim, precisamente pela escolha das espécies de plantas!

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A maioria das espécies usadas no jardim tem origem na Ásia, o que coincide com a moda na arquitetura paisagista nos anos 20 do século passado. Basta percorrer a lista com os nomes botânicos para decifrar as suas proveniências: Camellia japonica, Eribotrya japonica , Euonymus japonica , Hibiscus rosa-sinensis, , Juniperus chinensis, Lagerstroemia indica , Ligustrum japonicum, Lonicera japónica e Prunus japonica.

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Mas o entrelaçado, o exuberante, a estilização de plantas, o vegetarismo, tudo isto também se manifestava no uso e na colocação das plantas, seja no interior, seja no exterior do Hotel. Isto pode ser comprovado nas antigas fotos da inauguração do Hotel Palace da Curia, onde por todos os lados se vê as plantas de crescimento exuberante, sobretudo trepadeiras a tapar grandes pérgulas, túneis de roseiras, videiras, maracujás… Verdadeiras salas verdes no exterior resistiram assim à contínua degradação dos tempos e são dignas de admirar ainda hoje.

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O uso de trepadeiras como glicínias (Wisteria sinensis) desempenhava um papel muito importante no conceito original do jardim do Hotel. Porque as trepadeiras conseguem quebrar as linhas formais com o seu crescimento livre e exuberante, a simbolizarem a pura liberdade que apenas a forma de uma trepadeira pode representar.

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O Projeto de Renovação do Jardim

Após limpezas e uma manutenção rigorosa, a estrutura do jardim aparecia de novo e veio revelar que a intervenção global necessária era menor do que a que tinha sido considerada. Os caminhos ainda estavam fisicamente num bom estado de conservação, a principal estrutura verde arbustiva e arbórea necessitava pontualmente de substituição de algumas plantas para fechar as folgas, mas na sua maioria estava lá ainda. A poda de forma das tílias nas alamedas principais, o corte ornamental dos arbustos e das sebes bem como a recuperação das roseiras, da qualidade Santa Teresinha, foram passos fundamentais. A intervenção na pérgula era grande. A Wisteria sinsensis, que se plantou à quase um século, precisava de uma poda rigorosa, para libertar a estrutura da pérgula do peso enorme da planta. Conseguiu-se salvaguardar a pérgula bem como a planta centenária.

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Para o jardim poder respirar novamente o espírito da época dos anos 20, como todo o Hotel, foi necessário acabar com algumas espécies que se juntarem ao longo dos anos, que não pertenciam ao conceito original. Um passo essencial para aumentar a leitura do estilo do jardim. Foram também erradicadas as exóticas invasoras, que já começavam a tomar conta da geografia do jardim em algumas zonas.

O projeto do jardim definiu rigorosamente todas as novas plantações bem como a escolha cuidadosa das espécies. A parte conceptual para as flores e vivazes foi adaptada às exigências de manutenção e sustentabilidade.

Atualmente, quase um século após a sua construção, o jardim mostra novamente a sua esplêndida beleza da configuração de outrora, os caminhos, as sebes, as roseiras, as trepadeiras e as suas formas ornamentais geométricos.

Passear neste jardim, permite aos seus visitantes sonhar com tempos remotos e reviver o espírito da Belle Epoque.

 

Claudia Schwarzer Arquitecura Paisagista, Lda.

www.biopiscinas.pt/csap

Este hotel faz parte do grupo Thema Hotels & Resorts que resulta da fusão dos Grupos Alexandre de Almeida e Lágrimas Hotéis. É uma coleção de hotéis únicos, situados nos mais emblemáticos destinos de Portugal, que representam, desde 1917, o melhor da nossa cultura de hospitalidade.

Apoios:

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Este artigo foi publicado na revista Tudo Sobre Jardins edição impressa nº24.

 

 

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1 Comments

  1. josé cancella 10 de Dezembro de 2015

    Bom artigo que nos obriga – aos Anadienses – a ir dar um passeio no mesmo!
    Tem a grande a vantagem de chamar a atenção não só para o jardim como para o Hotel.
    Já agora lembro que ali se bebe um dos melhores vinhos brancos do nosso País, proveniente das vinhas do Bussaco!
    Bem – hajam!
    Obrigado
    José Cancella

    Responder

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