A Parques de Sintra inaugura dia 12 de junho, pelas 16h00, o Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, numa cerimónia que contará com a presença da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos.
A reabilitação deste espaço faz parte do projeto global de recuperação dos Jardins e do Palácio Nacional de Queluz e tinha como premissa restituir o traçado da cartografia de 1865, sendo que a construção original remonta ao século XVIII. A obra representou um investimento de 815 mil euros.
O Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz foi construído entre 1769 e 1780, sendo contemporâneo das grandes realizações setecentistas do período barroco-rococó nos Jardins de Queluz. De pequena escala, quando comparado com outros jardins botânicos desta época, Queluz assume uma natureza de entretenimento e recreio.
Sucessivamente destruído por fenómenos naturais e abandonado, o Jardim Botânico perdeu a sua função original, tendo sido transformado em roseiral em 1940. Em 1984, na sequência das cheias de 1983 que afetaram fortemente esta zona, o jardim foi desmontado e transformado numa área ampla para picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Já em 2012, a Parques de Sintra iniciou um processo de investigação histórica e sondagens arqueológicas que possibilitou o restauro deste Jardim. Suportado por um vasto conjunto documental, onde ganha particular relevo a listagem da coleção botânica original, o projeto ganhou ânimo com a descoberta e identificação de diversas cantarias – das fundações das estufas, do lago central e de estatuária – que tinham sido desmontadas em 1984 e entretanto integradas, ou esquecidas, noutros pontos dos Jardins de Queluz.
Trabalhos de recuperação
A recuperação do Jardim Botânico consistiu na reposição das quatro estufas, de acordo com a interpretação dos desenhos históricos, dos resultados das sondagens arqueológicas realizadas no local e dos regulamentos atualmente em vigor, incluindo a incorporação das cantarias originais das fundações.
A intervenção contemplou ainda o restauro dos elementos pré-existentes, nomeadamente as balaustradas que delimitam os diferentes espaços do Jardim, os alegretes e respetivos bancos e painéis azulejares, as cantarias do lago central e a estatuária, com vista à restituição do desenho oitocentista do Jardim.
Foram também executados caminhos em saibro granítico, sob os quais foram instaladas as infraestruturas de abastecimento de água, drenagem, energia e comunicações, que dão resposta às necessidades funcionais das estufas e jardins, tendo sido igualmente adaptada e reformulada a drenagem superficial.
Esta rede de caminhos delimita 24 canteiros, representando os espaços necessários às plantações representativas das 24 ordens de plantas de Carlos Lineu (botânico, zoólogo e médico sueco que classificou hierarquicamente as espécies de seres vivos). Nas bordaduras dos canteiros foram plantadas aproximadamente 10 mil plantas de murta.
O Index de Manuel de Moraes Soares datado de 1789, que reúne as espécies existentes na época no Jardim Botânico de Queluz, serviu de base para a constituição da coleção botânica. A partir desta listagem foram contactadas várias instituições a nível mundial que forneceram plantas e sementes para o local.
No interior das estufas, e de acordo com os registos históricos encontrados, foram plantados ananases, produzidos em tempos para os banquetes de Queluz.
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Muito interessante