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Bem a Norte em terras de grandes figuras da nossa história politica e cultural, sejam nomes como Cardeal Saraiva, General Norton de Matos, António Feijó… nasce uma ideia não totalmente original mas pioneira e inovadora no que a terras lusas diz respeito.
Referimo-nos ao Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima. Na sua edição de 2008 subordinado á temática Energias no Jardim e a decorrer entre 30 de Maio e 30 de Outubro de 2008. São 5 meses de exposição e é de visita obrigatória e porque não aproveitar para visitar a Vila de Ponte de Lima ela própria um jardim.
Estando já na sua 4ª edição este certame está cada vez mais a atrair designers e arquitectos de todos os cantos do mundo. Baseado no figurino do Festival de Jardins de Chaumont-Sur-Loire está provado, e perante a mostra de 2008, que foi uma opção de sucesso feita pelo Município de Ponte de Lima.
Ponte de Lima tem também uma parceria com a rede Europeia de Festivais o que lhe permite ter acesso aos canais certos para a divulgação deste festival sendo a Internet um meio privilegiado para dar a conhecer e esclarecer eventuais participantes.
De realçar também o papel do Arqº Francisco Caldeira Cabral, presidente do júri, que há 5 anos atrás lançou este desafio ao Presidente da Câmara Daniel Campelo, tendo tido um papel importante na idealização e concepção do Jardim onde se integra o Festival, mais precisamente nos campos de S. Gonçalo, entre as pontes romana e da de Nossa Senhora da Guia, na margem direita do rio Lima.
Os trabalhos a concurso na edição de 2008 surpreendem duplamente tanto pela qualidade dos projectos como pela variedade de países participantes, nove incluindo Portugal. Foram 43 candidaturas e 11 jardins seleccionados, muito experimentais sendo que a mostra ficou assim muito rica em termos de diversidade de ideias e na sua vertente pedagógica.
Não podemos esquecer que grande parte dos 70000 visitantes registados na edição anterior são crianças que aqui vêm para aprender outros modos de ver os jardins e interagir com eles.
Durante o Festival é pedida a participação do público que escolhe o jardim que mais gostou. Esse jardim transita para o ano seguinte fazendo parte da exposição desse ano. “O Jardim das Avestruzes” é o jardim que nos recebe logo á entrada da exposição e representa a seguinte questão:
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[i]Que fazer face à perigosa acumulação de lixo e de embalagens que temos à nossa volta?
Espetar a cabeça na areia como faz a avestruz?[/i]
Este foi o Jardim mais votado pelo público na edição de 2007.
Este ano com a energia como [i]leitmotiv[/i] os projectos apresentados são de grande criatividade.
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[b]ET POURTANT ELLE TOURNE! (E NO ENTANTO MOVE-SE!) | FRANÇA[/b]
Trata-se de uma horta lúdica que produz uma energia calórica, apetitosa e colorida. É um convite a trabalhar com a Terra e não contra ela – a Terra sabe mover-se, vamos mover-nos com ela!
Resume-se, desta forma, o ciclo da água, que faz crescer a horta e dá movimento ao mundo com tranquilidade, ao ritmo da energia dos jardins.
Concepção: Caroline Leloup – Arquitecta; Nobouko Nansenet – Arquitecto
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[b]LE FEU ET 300 ARBRES (O FOGO E 300 ÁRVORES) | FRANÇA[/b]
A maior parte das vezes a energia do fogo é considerada um poder devastador. No entanto, deverá ser considerada um valor de restabelecimento – com um incêndio as árvores carbonizam-se, mineralizam-se e renascem. Este foi o mote para os autores na concepção deste jardim.
Concepção: Atelier Altern: Sylvain Morin – Arq.º Paisagista; Aurélien Zoia – Arq.º Paisagista
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[b]ORANGE POWER (ENERGIA DAS LARANJAS) | ITÁLIA[/b]
A temática “Energias no Jardim” foi abordada numa perspectiva de gratidão e admiração pela generosidade da natureza. Uma única planta, uma simples laranjeira ([i]Citrus aurantium[/i]) encontra-se plantada no primeiro plano do jardim. Junto a ela encontram-se representadas 50 000 laranjas (bolas de plástico), o resultado da colheita duma única laranjeira ao longo de 100 anos.
Reza a tradição que foram os marinheiros portugueses os primeiros a trazer laranjas para a Europa na época dos Descobrimentos. No decorrer da investigação realizada, descobrimos que em muitos dialectos italianos as laranjas denominam-se “portugàl”, “purtugàl” ou “portogàl” – um claro e inequívoco tributo às suas origens.
Concepção: Land-I: Marco Antonini – Arq.º Paisagista; Roberto Capecci – Arq.º Paisagista; Raffaella Sini – Arq.ª Paisagista
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[b]VIREVENT (MOINHO DE PAPEL) | CANADÁ[/b]
O vento é uma força da natureza que evoca a poesia. O seu sopro varre os campos, espalha as sementes, inicia as ondas, transporta os cheiros e os odores. A ele se deve o movimento das velas dos moinhos a vento e a consequente transformação dos cereais em farinha. O moinho constitui a metáfora da transformação das matérias-primas provenientes dos nossos jardins e dos nossos campos num produto para consumir.
Esse objecto, o [i]Virevent[/i] (Moinho de Papel), é a imagem de base e a inspiração deste jardim. O seu movimento circular representa o ciclo de transformações de uma forma de energia para outra.
Esta estrutura de bolas representa a imagem do motor de uma indústria agro-alimentar, através do qual se transforma o milho cultivado no campo. Os visitantes, ao circular entre as velas do [i]Virevent[/i], representam o sopro do vento que acciona o moinho da transformação.
Concepção Jean-François Bertrand – Arq.º Paisagista; Sébastien Breton – Arq.º Paisagista
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[b]3,9.1024 JOULE | ÁUSTRIA[/b]
Universalmente, todos reconhecemos o sol como forma de energia da maior importância e, sem dúvidas, como a mais importante fonte de energia para todos os seres vivos.
Mas, quanto é exactamente a energia emitida pelo sol?
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Se, no Sistema Internacional (SI), o joule equivale à unidade de [i]energia para medir a energia[/i], a quantidade de energia produzida pelo sol equivale a “3,9.1024 Joule” por ano.
Este jardim celebra o poder do sol e pretende representar a quantidade de energia solar emitida por ano pela estrela central do nosso sistema.
Concepção: Marion Kogler – Estudante; Daniela Krupitza – Estudante; Edin Kurtovic – Estudante; Sophie Morscher – Estudante; Sabine Neumayer – Estudante; Peter Plochberger – Estudante / Institute of Landscape Architecture, University of Natural Resources and Applied Life Sciences; Bianca Maria Rinaldi – Professora
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[b]ENERGIAS REFLECTIDAS | PORTUGAL[/b]
O jardim [i]Energias Reflectidas[/i], como espaço antagónico e simbólico, pretende sensibilizar através do choque e conduzir, quem o visita, à decisão sobre o futuro do nosso planeta.
Neste sentido, há que abalar consciências para que a preservação de um mundo equilibrado e vivo não seja apenas um objectivo ecologista, mas um objectivo humano.
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[i]Energias Reflectidas[/i] pretende representar, através de um desenho minimalista, duas realidades do panorama energético actual, através da figuração de dois espaços de carácter distinto e de natureza meramente simbólica: o das energias renováveis e o das energias não renováveis, interligados por um terceiro espaço de carácter neutro que se assume como o lugar de reflexão.
Concepção da ideia: Ana Mota – Arq.ª Paisagista; Diana Teixeira Fernandes – Arq.ª Paisagista; Márcia Vilar – Arq.ª Paisagista; Ricardo Ventura – Arq.º Paisagista; Telma Sanches – Arq.ª Paisagista
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[b]THE ORANGE FUEL GROVE (O POMAR DO COMBUSTÍVEL LARANJA) | INGLATERRA[/b]
O etanol celulósico de laranja é uma ideia relativamente nova, segundo a qual o subproduto da produção do sumo de laranja e de outros citrinos – casca de laranja, de limão e de lima – é usado para fazer um biocombustível líquido sustentável. O conceito do jardim [i]Orange Fuel Grove[/i] oferece uma representação bonita e sensorial desta nova tecnologia sustentável e pretende desafiar o visitante a fazer perguntas sobre o actual estado da produção de energia, o seu impacto sobre o nosso ambiente e as possibilidades para novas e imaginativas fontes de energia.
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A entrada para o jardim convida o visitante através de arrojadas peças esculturais, realizadas em varões de aço e salgueiro, torcidos e curvados e cobertos de corda, criando um efeito de túnel que forma um caminho circular com sombra.
Concepção da ideia: Reckless Orchard: Flavia Goldsworthy – Arq.ª Paisagista
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[b]BATHE IN ENERGY FLOW (BANHO NO FLUXO DE ENERGIA) | JAPÃO[/b]
Uma forma simples para descrever e apresentar este jardim seria afirmar que o mesmo “tonifica as pessoas”, principalmente pelas seguintes razões: ou porque as plantas refrescam o ar ao absorver CO2 ou pela sua capacidade de absorver a luz solar e criar a fonte de energia. Seja qual for a resposta escolhida, estas “actividades silenciosas” permitem o equilíbrio fundamental para as nossas vidas, ao qual temos obrigatoriamente que associar a água, essência vital para o ser humano, para os animais, e para todos os outros seres deste planeta.
Esta é uma tentativa de criar um espaço de meditação, tranquilo e calmo, através do aproveitamento das diversas energias do jardim.
Concepção da ideia: Tokiko Furuuchi – Arq.ª Paisagista
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[b]J2 + L2 = 10 | PORTUGAL[/b]
Do efeito cenográfico de diversas espécies de energias, ou do potencial energético de algumas matérias, surge o esquema programático desta proposta.
Organizado segundo uma sequência geométrica de circunferências de quatro metros, a que correspondem silos contentores de diversas substâncias, o jardim desenvolve-se ao longo de uma poligonal que o atravessa, construindo um percurso de visita comparado ao traçado de um raio que irrompe por entre uma estrutura molecular.
Concepção da ideia: João Pestana – Arquitecto; Jorge Maia – Arq.º Paisagista; Luís Caldeira – Arquitecto; Luís Castro Fernandes – Arquitecto
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[b]EL CICLO DE LA VIDA (O CICLO DA VIDA) | ESPANHA[/b]
A base da vida no nosso planeta é a energia proveniente do sol e o seu fluxo através dos distintos ecossistemas. Todos os jardins são uma fábrica com uma multidão de máquinas transformadoras de energia: árvores, arbustos, plantas, relvas, flores…
Neste jardim quer-se completar este fluxo, devolvendo à terra, através da compostagem, a energia presente nos restos vegetais, convertida em forma de nutrientes que servirão, por sua vez, para alimentar novos seres, fechando assim o círculo.
No jardim idealizado adicionou-se a presença de um animal, o galo, que contribui para “biodiversificar” o espaço e que, com o seu canto, adiciona som ao jardim. Estes animais, em forma artificial, estão distribuídos pelo jardim, imóveis e imitando de novo a sua forma na natureza.
O objectivo do jardim é divulgativo e didáctico, pretendendo mostrar as boas práticas da reciclagem.
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[b]LE TROU NOIR, SOURCE D’ENERGIE (O BURACO NEGRO, FONTE DE ENERGIA) | POLÓNIA[/b]
O carvão é o principal recurso para a produção de energia térmica por combustão e a sua origem é a lenta fossilização de restos orgânicos, pelo que este jardim espera sugerir o processo da sua formação e exploração.
Todo o jardim participa na descoberta da origem do carvão pelas cores: do verde ao preto; no caminho do visitante: do alto para baixo; E pela visão dos elementos: da ligeireza das plantas à massa de matéria presente no buraco de carvão.
A descoberta é progressiva.
Concepção: Grazyna Kidawska – Doutora em Engenharia Botânica; Joanna Staniszewska – Mestre em Arquitectura; Laurent Staniszewski – Arquitecto
Fica também um aviso de que já estão abertas as candidaturas para a edição de 2009 com a Temática Artes no Jardim. Desafiamos todos os designers e/ou arquitectos a considerarem a sua presença, vale a pena pelo desafio e como curriculum dado que o Festival é já uma referência no meio.
O Município de Ponte de Lima tem ainda a grande vantagem de apoiar na construção do Jardim se o seu projecto for escolhido. A angariação de patrocinadores fica a cargo da Câmara Municipal
Todos os interessados poderão consultar o regulamento do concurso, que se encontra aberto até ao dia 30 de Outubro de 2008.
Para saber mais visite: [url=https://www.festivaldejardins.cm-pontedelima.pt] Festival de Jardins de Ponte de Lima [/url]
LUÍSA GONÇALVES é directora da Revista Tudo Sobre Jardins, revista trimestral que está na banca desde Agosto de 2007.
Colaboradora do portal do jardim desde o primeiro momento com alguns artigos de reportagem e trabalhos sobre jardins.
Sócia-Gerente da Editora Lobo do Mar, Lda. que detem para além do título Tudo Sobre Jardins; Anuário Náutico e Náutica Press.
Acho uma ideia brilhante uma visita aos “jardins” de Ponte de Lima.Sobretudo para quem gosta de coisas boas…como um fim de semana, para disfrutar momentos únicos, nas nossas casas de turismo. Um bom sarrabulho, as Lagoas,equitação, canoagem,paisagens, uma partida de Golfe, monumentos, e muito mais… 😆
Visitei já este jardim… como nas edições anteriores, esteve fabuloso! Agora é esperar pelo próximo! 🙂