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Alecrim aos Molhos

Com o Inverno já instalado entre nós, o começo do ano lectivo e a necessidade de estudo, aplicação e concentração exigida a professores e alunos, escolhi uma das principais plantas que actua como estimulante cerebral, contribuindo para uma memória mais aguçada e uma concentração mais eficaz. Este mês irei falar sobre o alecrim e no próximo falarei noutra planta com propriedades semelhantes, não um arbusto, mas uma majestosa árvore de grande porte: gingko biloba.

O alecrim é conhecido também por alecrinzeiro, alecrim dourado, alecrim alvar, em inglês rosemary, em espanhol romero e em francês romarin.

O alecrim (Rosmarinus officinalis) cujo nome científico é muitas vezes confundido com o rosmaninho (Lavandula stoechas) é um arbusto vivaz da família das labiadas, possui numerosos ramos lenhosos, cheiro fortemente aromático, pode chegar a atingir cerca de dois metros de altura. Nos países mais quentes pode chegar a florescer durante todo o ano, excepto nos meses mais frios do Inverno.

O alecrim alvar, de flores brancas, é agora uma raridade. São mais comuns os alecrins de inflorescências lilases e azul arroxeado, dependendo isto do tipo de solo e clima onde se desenvolva.

As flores de pequeno tamanho são muito utilizadas na perfumaria, mas é nas folhas que se encontra a máxima concentração de óleo volátil, utilizado no fabrico de óleo essencial.

É cultivado um pouco por todo o mundo. Em Portugal cresce por toda a parte, especialmente no centro e sul. Na serra de Monchique e da Arrábida, podia ainda há pouco tempo encontrar-se a variedade alecrim alvar de flor branca e rosa claro. A plantação do eucalipto e o consequente empobrecimento do solo, são um dos factores responsáveis pelo rápido desaparecimento desta variedade.

As variedades espontâneas são sempre medicinalmente mais eficazes do que as cultivadas.

História

O alecrim foi trazido para a Europa pelos primeiros monges cristãos, tornando-se muito popular nos jardins dos conventos onde era já utilizado para fins medicinais, mas também era colocado nos armários para afastar traças, e queimado nos quartos para purificar o ambiente onde tinham dormido pessoas doentes.

Nas lendas cristãs representava a Virgem Maria a quem é suposto ter protegido durante a fuga para o Egipto.

O alecrim está associado a cerimónias fúnebres desde o tempo dos egípcios que o utilizavam para embalsamar os corpos. No Império Romano enfeitavam-se com alecrim as imagens dos espíritos protectores da casa e da família.

Na antiguidade colocavam-se nas mãos dos mortos raminhos de alecrim que simbolizavam a imortalidade da alma e queimavam-nos durante rituais e celebrações religiosas.

Em muitos cortejos fúnebres é ainda comum os acompanhantes levarem ramos de alecrim que colocam na mão do defunto ou lançam por cima da sepultura.

Durante a festa dos pastores que se celebrava em Abril e comemorava a fundação de Roma, era hábito queimar-se alecrim para perfumar os fontanários, bosques e rebanhos sagrados.

Os estudantes gregos entrelaçavam rebentos de alecrim antes dos exames para reforçar as suas capacidades mentais. Tanto na Grécia como em Roma era utilizado em casamentos e funerais para coroar os convidados de honra das festas com grinaldas.

Na Europa era símbolo de devoção eterna e é usado ainda hoje na lapela do noivo e na grinalda da noiva.

Os médicos árabes utilizavam-no para ajudar os seus pacientes a recuperar a fala perdida na consequência de ataques cardíacos.

Na China é ainda hoje utilizado contra insónias e fadiga.

O nome da famosa água-da-Hungria, cujo principal ingrediente é o alecrim, deve-se ao facto da rainha Isabel da Hungria, septuagenária e muito doente, ter recuperado a saúde e rejuvenescido graças a uma mistura que ela própria preparava, juntando alecrim, alfazema e poejo.

Propriedades

Não existem dúvidas quanto à eficácia do alecrim como estimulante do sistema nervoso e do cérebro, melhorando a circulação cerebral, a concentração e a memória. Deve tomar-se uma chávena de chá de manhã em jejum e mais duas ou três ao longo do dia para poder sentir os benefícios passadas uma ou duas semanas.

É útil ainda para aliviar dores de cabeça, insónias, fadiga crónica e estados convalescentes. É auxiliar do sistema digestivo, tensão pré-menstrual, dores de garganta, mau hálito (é anti-bacteriano e anti-fúngico), músculos doridos e cansados. Pode utilizar-se no tratamento de epilepsia e em vertigens. Útil ainda no combate à hipertensão arterial, desmaios e fraqueza associada a má circulação sanguínea.

Por ser um estimulante da circulação cerebral, aumenta o fluxo de sangue no couro cabeludo sendo muito eficaz no combate à queda do cabelo, estimulando e fortalecendo o crescimento das raízes capilares. É também utilizado para reduzir problemas de flatulência, estimular o fígado e a vesícula aumentando o fluxo de bílis. É ainda útil no tratamento da anemia.

Precauções

As grávidas não devem tomar o alecrim sem acompanhamento de um profissional.

Composição

Óleos voláteis (1 a 2%), borneol, canfeno, cânfora, cineol, matéria amarga e resinosa, grande quantidade de taninos, um glicósido, flavonóides, ácido rosmarínico.

Agricultura

O alecrim faz bonitas sebes desde que podadas regularmente, tal como a maioria das aromáticas, beneficia as outras plantas do jardim e da horta e ajuda a combater pestes de flores e hortícolas. As suas flores azuis arroxeadas atraem insectos para o jardim especialmente abelhas (o mel de alecrim é muito apreciado). Gostam de muito Sol e solo bem drenado. Pega muito bem por estaca. A partir da semente é de crescimento muito lento nos primeiros anos.

Existem algumas variedades de alecrim, incluindo “prostratus” que é uma variedade rasteira boa para utilizar para cobertura de solo e a pender dos muros.

Culinária

O alecrim é muito apreciado no tempero de carnes mas também em vários outros pratos como por exemplo sopa de tomate, beringelas recheadas e decoradas com as pequenas flores de alecrim, adicionam um excelente paladar à maioria dos pratos de massa e vegetais. Pode ainda colocar folhas e/ou flores frescas ou secas (preferível usar sempre a planta fresca acabada de colher) e colocá-las num frasco com vinagre que depois poderá utilizar nos temperos. No azeite, eu pessoalmente não sou partidária de usar este método, pois muitas vezes as plantas aromáticas reagem mal com o azeite podendo este tornar-se tóxico passado algum tempo.

Cosmética

O alecrim é muito utilizado no fabrico de champôs sendo estes muito úteis para fortalecer e estimular o couro cabeludo. Em casa pode colocar folhas e flores de alecrim em vinagre que depois utilizará para enxaguar o cabelo que se tornará mais forte, brilhante e macio. O cheiro a vinagre não permanece no cabelo. Pode ainda fabricar a sua loção de massagem da mesma forma, mas utilizando 70% de água e 30% de álcool, ou azeite que também pode ser utilizado em massagens para aliviar dores reumáticas. É ainda utilizado no fabrico de sabonetes e cremes de beleza.

Dioscórides, notável médico e botânico da Grécia antiga, fazia grandes elogios a esta planta.<-->

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3 Comments

  1. ana martins 17 de Maio de 2009

    Bom dia. Gostei do que li acerca do alecrim.

    Acrescento que enxaguar a cabeça com chá de alecrim tira a caspa.

    Uma pergunta: Qualquer tipo de alecrim serve para a alimentação ?

    Agradeço antecipadamente a resposta à minha dúvida.

    Responder
  2. Edêmea Rocha 30 de Maio de 2012

    Fernanda, boa tarde! Tudo bem?
    Estou feliz por encontar essas informações sobre o alecrim, pois recentemente tive um “apagão” no cérebro e sinto dificuldades em reter as coisas que estudo.
    Pergunto: Posso beber o chá de alecrim comprado em farmácias com o mesmo efeito benéfico? Posso fazer um tratamento po r quanto tempo sem causar mal?
    Tenho um email particular.. naturezaloura@globo.com
    Obrigada

    Edêmea

    Responder
  3. Maria Helena Fernandes 11 de Maio de 2013

    Boa tarde. Gostei do que li s/ o Alecrim. Tenho epilepsia e má circulação. Vou experimentar este chá. Convém ser o Alecrim verde ou pode ser o empacotado?
    Neste momento ainda tenho outro problema, sofro de hemorroidal e já fui operada 2 vezes,neste preciso momento penso que tenho novamente inflamação que já não cura c/ pomadas e não queria ir para o hospital. Não quero tomar mais medicamentos, tenho de arranjar uma planta anti inflamatória.Obrigada pela atenção.

    Responder

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