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A beleza das formas orgânicas e da simplicidade dos jardins Japoneses

Jardins que são mais do que colecções de plantas, são viagens, são retratos de vivências e da procura por nós próprios. O design dos jardins orientais tem um conceito muito forte ligado à espiritualidade e ao papel do ser humano na natureza.

TEXTO CATARINA GONÇALVES E FOTOGRAFIA D.R.

Isuien em Nara

A arte do paisagismo e da jardinagem depende muito do contexto histórico e cultural de cada região. De uma forma geral os jardins históricos do ocidente são muito mais teatrais, com diversas esculturas e plantações bastante florais e coloridas enquanto nos jardins orientais a componente espiritual e de contemplação é uma prioridade, este elemento é parte integrante de qualquer conceito para um espaço exterior de jardim, todos os elementos têm um propósito e não se encontram no jardim meramente por acaso. Tipicamente estes jardins têm elementos que os caracterizam muito específicos, o bamboo, a ponte, as rochas, a água, algum tipo de caminho que simboliza a viagem de uma vida e a sua relação com a arqui­tectura.

Este artigo pretende ajudar a compreender um pouco estes conceitos nos jardins e não ser um guia de faça você mesmo para “autênticos” jar­dins orientais. Existem certos elementos que po­dem ser transportados e reinterpretados para um estilo próprio, resultando num jardim com um contexto específico muito diferente de um jardim em Quioto, por exemplo.

A China permitiu que o Extremo Oriente e, através da Coreia, invadisse o Japão. No ano de 1000 dC o Japão já tinha desenvolvido a sua própria arte, distinta da versão ritualística da arte Chinesa.

O típico jardim Japonês no início ficava a sul da habitação e consistia numa lagoa ou lago e com uma ilha. No extremo norte da lagoa encontrava-se uma colina artificial com uma cascata. Estes jardins estereotipados do período Heian (794- 1185 dC) mostram muitas semelhanças com os jardins Chineses da época.

As variações começaram na maneira de trabalhar as pedras e poda das árvores assim como a abordagem ao local, a criatividade começou a substi­tuir a imitação no período Kamakura (1192-1333).

Outros jardins Japoneses podem também ter ou-tros estilos como o Kanshoh para jardins que são pensados para serem vistos da residência, jardins lagos que são vistos de um barco ou o Kaiyu-shiki que é um jardim de passeio, um jardim que é para ser apreciado numa sucessão de imagens à me­dida que se passeia num caminho que circunda o jardim, um exemplo famoso deste tipo de jardim é o da vila Imperial em Quioto, o Katsura.

O ideal é que todos os jardins estejam em sintonia com o contexto da paisagem onde se encontram inseridos, existem, no entanto, diversos jardins Japoneses com imenso sucesso fora do Japão, no­meadamente nos Estados Unidos da América é o caso do Japanese Tea Garden em São Francisco, Califórnia e o Portland Japanese Garden em O-regon e claro no Reino Unido, no Holland Park o jardim Quioto.

Algumas sugestões de jardins a visitar:

Saihō-ji em Quioto
Isuien em Nara
Ryōan-ji em Quioto
Ritsurin em Kagawa
Katsura vila imperial em
Quioto
Shugakuin

Rhododendron kaempferi

Existem três estilos de jardins Japoneses:

Os jardins Karesansui que podem ser apre­ciados em templos, são os chamados jardins Zen, jardins secos, pois ao contrário dos outros jardins o elemento água está apenas representado pe­las ondulações na gravilha e não presente fisica­mente, um estilo único no design de jardins, os jardins tem sempre como começo a sua relação com a arquitectura, com o edifício existente e de como é que o jardim se vê a partir desse elemento. Os monges dos templos usavam o acto de pas­sar com o ancinho na gravilha para meditar, a concentração é fundamental porque alcançar a perfeição nas ondulações da gravilha à passagem do ancinho não é fácil, existe um movimento uma vibração que é demonstrada conforme a criatividade e inspiração, as rochas e pedras são representações de ilhas e o musgo é usado como cobertura do chão para recriação de florestas com arbustos fortemente podados para terem formas mais arredondadas. Normalmente estes jardins são para serem vistos apenas de um certo ângulo, de um local específico onde o visitante se senta a meditar.

Acer japonicum

Os jardins Tsukiyama têm um estilo muito próprio representam a paisagem natural fazen­do os jardins parecerem muito maiores do que realmente são, colinas, rochas pequenas casca­tas e pontes recriam uma paisagem complexa, uma pintura antiga dum ambiente de natureza japonês. Como a escala é tão pequena um monte de terra de 9 metros de altura representando uma montanha e um lago de 0,2 hectares, um braço de mar, a intenção é reproduzir o espírito e não as características da paisagem escolhida. A asso­ciação e o simbolismo desempenham assim um papel muito importante na criação e apreciação destes jardins. O redimensionamento das paisa­gens e do tamanho do jardim continuaram até a um ponto em que os jardins em miniatura foram feitos em bandejas muito pequenas contendo lagos, riachos, ilhas, montanhas, pontes, casas, jardim e árvores reais cuidadosamente cultivadas à escala adequada . Estes pequenos, jardins por­táteis refletem o extremo da tradição pitoresca do que é a jardinagem oriental.

Camelia japonica

Finalmente os jardins Chaniwa são espaços para cerimónias de chá com caminhos para a casa de chá, lanterna de pedra e para a bacia de pedra onde o convidado se purifica antes da cerimónia tomar lugar. O jardim de chá japonês cresceu a partir de um ritual esotérico originado na China e relacionado com o acto de beber chá, este cul­to floresceu a partir do século 14 até o final do século 16, foi calculado para incutir a humildade, a contenção, a sensibilidade e outras virtudes. Os jardins através dos quais os convidados se aproximavam da casa de chá eram regidos por normas severas destinadas a criar uma atmosfera espiritual adequada.

Pinus thunbergii

Visite o jardim Monte Palace Tropical Garden da Fundação Berardo na Madeira e delicie-se com um dos mais espectaculares jardins orientais de Portugal.

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1 Comments

  1. maroni 5 de Março de 2013

    Também gostava que retratassem o tema bem aprofundado sobre bonsai, em todas as suas variantes

    Responder

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