Utriculárias, pequenas garrafas submersas
As utriculárias constituem um género numeroso no que diz respeito a plantas predadoras aquáticas e terrestres, cujo nome tem em latim o subjacente sentido de bolsa ou garrafa. As flores, comparadas com frequência a orquídeas e a bocas-de-lobo, são de uma beleza anormal e crescem à superfície do solo e da água como se procurassem apartar os seus polinizadores de qualquer provável perigo vindo da submersa ou subterrânea estrutura radicular, coberta por translúcidas armadilhas em forma de vesícula.
Se falamos em utriculárias aquáticas, as pulgas-de-água são uma presa clássica, tendo-se até verificado espécies capazes de capturar girinos, nematelmintes, larvas de peixe e de mosquito.
Quanto às terrestres a ementa não é tão variada se a compararmos com a das aquáticas, reduzindo-se esta a bactérias e a protozoários. Contudo consegue-se cultivar utriculárias aquáticas em meio terrestre, bem como utriculárias terrestres em meio aquático.
O processo de captura decorre num espaço de quinze milissegundos, é acionado através do contacto da presa com um conjunto de pelos situados à entrada da armadilha, responsáveis por induzir a sucção da água à volta, incluindo a presa que os toca. Este processo no caso das utriculárias terrestres requer um solo húmido, porque senão, se o solo não estiver húmido, o processo não decorre.
A armadilha enquanto inativa é uma oca estrutura em vácuo, selada por uma porta cuja abertura se processa quando a presa toca num desses pelos. Para garantir que a presa se aproxima o suficiente, a porta está coberta por uma secreção açucarada e os pelos fazem-se acompanhar por antenas que guiam a presa até lá. Uma vez que a porta seja aberta, deixa de haver escapatória possível porque o efeito de sucção gerado é forte demais devido ao externo impulso da água sugada e ao vácuo presente preenchido pela água. A porta é aberta quando um dos pelos é tocado, a porta fecha-se mal a armadilha seja inundada por completo.
Texto: Carlos Henrique Batista da Costa Fotografias: Daniel Silva
A Associação Portuguesa de Plantas Carnívoras foi criada como resultado do atemporal projecto de alguns cultivadores destes espécimes. Nasceu da necessidade incontestável de proteger as Plantas Carnívoras em Portugal e representa o desejo de consciencialização para as questões ambientais.
Como associação compromete-se também a prestar ajuda a todos os que se interessam por estas encantadoras plantas sendo um dos objectivos principais promover o gosto pelo cultivo de Plantas Carnívoras.
Um banco de sementes, um herbário dedicado a plantas carnívoras, um registo de localizações de populações das espécies autóctones e uma publicação periódica são alguns dos projectos da APPC e que visam estabelecer uma ligação entre a APPC, os seus sócios e as Plantas Carnívoras. Website APPC