A forma e fragrância da rosa elevaram-na a símbolo de beleza e afecto, tornando-a a mais apreciada das flores. As inúmeras aplicações desta espécie levaram a que desde sempre o homem tenha alterado as suas características, adaptando-a a novos usos, traçando-lhe o destino e a entrada no gosto comum.
Trazidas para o médio oriente pelos Persas há cerca de cinco mil anos, decoraram os jardins e palácios do delta do Tigre e do Eufrates. Os registos botânicos desta planta remontam no entanto à antiguidade clássica. Descrições desta planta encontram-se na História Natural de Plínio, que refere doze espécies diferentes, julgando-se actualmente que se refere a formas diversas das espécies de Rosa gallica var: officinalis; R. damascena, R. alba e R. centifolia. Em 77 dc., os tratados romanos de Plínio indicam o uso de rosas na terapia de pelo menos trinta e duas doenças distintas. As espécies orientais de Rosa laviegata surgem na literatura chinesa de carácter medicinal cerca de 470 dc. Durante os séculos XVIII e XIX é da responsabilidade da Companhia das Índias Orientais, a introdução de espécies de rosas essencialmente R. rugosa e R. laviegata em território americano.
As rosas foram usadas pelas suas características adstringentes e aromatizantes, quer na medicina quer na perfumaria e cosmética, paralelamente ao seu uso como espécie ornamental. O óleo de rosas obtinha-se por maceração das pétalas. No séc. XVI cientistas Persas iniciaram o processo de destilação que originava um óleo de características superiores. Este processo de extracção exige elevadas quantidades de pétalas para produção de ínfimas quantidades de óleo (uma tonelada produz 300 gr. de óleo).
A versatilidade desta espécie tornou-a numa das preferidas na arte da jardinagem e embora o seu uso seja conhecido desde a antiguidade é talvez no séc. XIX que o seu uso se alarga.
A Imperatriz Josephine de Beauharnais (primeira mulher de Napoleão Bonaparte) com a ajuda do roseirista André Du Pont, criou uma impressionante colecção de rosas no Castelo de Malmaison, com cerca de 250 espécies. A moda do uso das rosas fica assim definitivamente associada a esta Imperatriz. É ainda nesta época que se inicia a multiplicação de espécies aumentado as possibilidades de uso como ornamental. A continuidade deste uso deve-se a Gertrude Jekyll (Pintora e Paisagista inglesa do princípio do séc XX) pela forma como usou a rosa em combinação com outras espécies.
Até esta altura as roseiras ocupavam um local próprio – o roseiral. Gertrude Jekyll atribui-lhes um papel mais arquitectural, surgindo nos edifícios e estruturas construídas nos jardins (colunas, pérgolas, muros etc.). Esta forma de uso obrigou os produtores a criarem novas variedades capazes de “trepar”. Surgiram assim as ‘patio roses’ e as rosas de cobertura de solo, bem como um maior leque de cores e formas, essencialmente as floribundas e as trepadoras.
As viagens marítimas contribuíram enormemente para a chegada de novas plantas assim como para a vulgarização da multiplicação de espécies Deve-se em grande parte aos viajantes a difusão desta planta por todo o mundo. A rosa deixa de ser uma planta de elite e passa a surgir em hortas, pequenos jardins e na decoração de casas de todos os estratos sociais.
Maria João Cabral, licenciada em Arquitectura Paisagista pela Universidade de Évora. Exerce a profissão desde 1990, essencialmente no projecto e construção de espaços exteriores (públicos e privados). Colaborou com diversas empresas e entidades públicas, nomeadamente com o ISA e Parque Expo’98 na concretização e manutenção dos Jardins Garcia de Orta.
Em 2003 formou a empresa de arquitectura paisagista, Landing, prestando serviços de projecto, ordenamento do território, direcção e fiscalização de obra e formação.