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Texto: Catarina Gonçalves Fotografia: Lobo do Mar e D.R.

Quando entramos num jardim um dos sentidos que apuramos de imediato é, sem dúvida, o olfacto. As plantas e ervas aromáticas são das mais procuradas especialmente para jardins domésticos onde existe um contacto mais próximo com a vegetação que nos rodeia.
O uso de plantas aromáticas e ervas para a culinária é tão antigo como o plantar de um jardim.

Os primeiros relatos da fragrância usada propositadamente num jardim datam de 2500 a.C.  Os jardins suspensos da Babilónia, na Pérsia, onde os jardins botânicos com flores fragrantes e esculturas surgiam por entre as piscinas e fontes, onde árvores frutíferas acentuavam as áreas de cultivo.

No Egipto as primeiras plantas perfumadas no jardim foram Lawsonia inermis e Myrtus communis que guarneciam os jardins da classe média alta. Nos mosteiros os monges utilizavam as plantas de forma mais prática e com propósitos medicinais e culinários. Dos Egípcios aos Romanos os jardins aromáticos foram-se espalhando pela Europa e nos países do sul, especialmente Espanha, a influência Islâmica foi muito forte, até ao século XVIII.

Aquando da revolução industrial caíram em desuso mas, actualmente, os jardins aromáticos são mais populares do que nunca.Para além dos benefícios para os invisuais, o olfacto dá uma outra dimensão ao jardim. Os cheiros também atraem ou repelem insectos. Na sua maioria estas plantas não são atacadas por pragas de jardins e os insectos mastigadores de folhas como são os casos dos gafanhotos e besouros, ficam longe das aromáticas.

De onde vêm os aromas

O aroma de uma planta pode vir não só das suas flores mas também das suas folhas que ao serem esfregadas, libertam a sua fragrância. O perfume provém de glândulas com óleo essencial. Ao esmagar ou roçar as folhas, as glândulas libertam o óleo que contem substâncias voláteis que se espalham no ar. Este fenómeno também se dá ao simples passar da mão, ao roçar com a roupa ou mesmo quando regamos. Contudo existem plantas mais “difíceis” como é o caso do alecrim que possui umas folhas mais duras e nas quais, só sentimos seu odor ao esmagá-las com os dedos.

Estrutura de plantação

Os jardins aromáticos tradicionais são plantados usando parterres em estruturas bastante formais, hoje em dia as aromáticas são usadas em combinações com plantas ornamentais em estilos de plantação mais naturalistas. A capacidade de projectar um jardim com base nas suas fragrâncias é bastante mais complexa do que inicialmente pode parecer e requer, um profundo conhecimento individual das plantas a utilizar e qual o seu comportamento em conjunto. A importância do percurso do jardim, do caminho que se percorre nunca foi tão importante e assim podemos “programar” a sequência de aromas. Santolinas, lavandulas, rosmaninhos, salva e lúcia-lima são algumas das plantas que se tornaram comuns nos jardins. A época do ano, a temperatura e a humidade, mudam os aromas e influenciam a forma como o nosso olfacto actua.

Que tipo de solo e conselhos

O solo ideal para plantas aromáticas deverá ser seco, solto e poroso. A colocação de placas identificativas ajudam na hora de se ir escolher o que vamos utilizar na cozinha. Ervas aromáticas utilizadas também na culinária quanto mais se colhem mais fortes crescem.As plantas aromáticas são versáteis e resistentes às situações mais agrestes, sejam elas provocadas pela temperatura, solo ou ataque de pragas. Estas são algumas das razões porque cada vez mais arquitectos paisagistas e designers as utilizam nos seus projectos. São diversos os jardins de festivais como no Chelsea Flower Show ou em Hampton Court, que são completamente dedicados a esta temática e penso que ainda têm tanto por explorar.

Três exemplos de plantas aromáticas e os seus usos na cozinha

Rosmarinus officinalis

Alecrim

Devido  à sua estrutura atractiva e resistência à seca, o seu valor paisagístico é bastante elevado, sendo uma das plantas mais usadas em jardins com climas mediterrâneos. É muito fácil de cultivar e é pouco atacada por pragas. O alecrim pode ser utilizado para topiária devido à sua versatilidade e facilidade na obtenção de diversas formas.  Quando cultivado em vasos deve ser mantido de preferência, aparado de forma a evitar o crescimento excessivo e a perda de folhas nos seus ramos interiores e inferiores. Se não tivermos estes cuidados, o alecrim tornar-se-á num arbusto sem forma e pouco atraente. Pode ser propagado a partir de uma planta já existente, através do corte de um ramo novo com cerca de 10 – 15 cm, retirando algumas folhas da base e plantando directamente no solo. No aproveitamento culinária – carnes e/ou batatas – deverá ser utilizado fresco. A sua utilização é frequente em churrascos, sopas e molhos.

Lavandula

Lavanda

As sementes de lavanda semeiam-se em estufa entre Abril e Junho e podem ser transplantadas de Maio a Julho para o solo. O terreno deve ser bem drenado, arenoso e que não seque facilmente. A lavanda tem grande resistência ao frio e ao calor. É aconselhável proteger o pé da planta no Inverno com turfa ou terra.As flores de lavanda produzem um néctar abundante que rende um mel de alta qualidade produzido pelas abelhas. O mel da variedade lavanda foi produzido inicialmente nos países que cercam o Mediterrâneo e introduzido no mercado mundial como um produto de qualidade superior. As flores da lavanda podem ser utilizadas como decoração de bolos. A lavanda também é usada como erva isoladamente ou como componente das ervas da Provença.

Salvia officinalis

Salva

A salva é uma pequena planta perene sub-arbustiva com caules lenhosos, folhas acinzentadas e flores azuis a violáceas. É nativa da região Mediterrânica e cultivada como erva aromática e medicinal ou como planta ornamental. Dá-se muito bem com sol pleno, em solos bem revolvidos, bem drenados e com a adição de composto orgânico. Tolera temperaturas altas e é resistente ao frio.Como erva aromática, a salva tem um sabor ligeiramente apimentado. Na cozinha Ocidental é usada para dar sabor a carnes gordas, queijos e algumas bebidas. Nos Estados Unidos, Reino Unido e Flandres, a salva é usada com cebola, em recheios de porco ou aves e também em molhos. Na cozinha francesa, a salva é usada para cozinhar carne branca e em sopas de vegetais. Os alemães usam-na, frequentemente, em pratos de salsichas. É também de uso comum na cozinha italiana. Nos Balcãs e no Médio Oriente, é usada em assados de borrego.

Rosa Evelyn

Algumas das plantas mais usadas pela sua fragrância:

Rosaceae

Lonicera periclymenum

Jasminum officinale

Lathyrus odoratus

Lavandula angustifolia

Mentha piperita

Ocimum basilicum

Rosmarinus officinalis

Salvia officinalis

Foeniculum vulgare

Basil

Myrtus communis

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4 Comments

  1. Neide Abade 16 de Abril de 2013

    Boa tarde! Adorei este artigo. Estou aprendendo muito. Já estou plantando as minhas plantinhas aromáticas.

    Responder
  2. rita costa 4 de Setembro de 2013

    gostava muito de plantar ervas aromáticas para vender tenho 1 há de terreno, queria dicas para a comercialização. obrigada, sou engenheira agrononoma

    Responder
  3. Daniella Teles Sampaio 27 de Maio de 2014

    Boa tarde Catarina,

    Descobri o Portal procurando algo sobre os Jardins aromáticos. Sou Bióloga, trabalho na área marinha, mas sou fascinada pela botânica, já estudei um gênero das Orquídeas, mas tenho uma curiosidade a mais pelo Hemerocalis Flava (Lírio Amarelo). Aos poucos estou me apaixonando ainda mais pelo Paisagismo e pelas sensações que os jardins provocam na qualidade de vida das pessoas. Gostaria de saber sobre os Estados no Brasil que oferecem melhores cursos de Paisagismo e Jardinagem, eficiencia nem tanto como conteúdo , mas como aprendizagem intrínseca. Que conselhos me daria, que caminhos deveria trilhar até chegar ao meu objetivo…
    Agradeço pelo espaço no portal. Abraço e muitas flores, Daniella

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  4. guiomaralvesdossantos 30 de Março de 2015

    Adoro plantas aromáticas, tenho no meu quintal hortelã, manjericão, alecrim que uso muito em carnes e assados.

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