Comer flores tornou-se sem dúvida numa moda, não deixando indiferentes jardineiros, botânicos e sobretudos chefes de cozinha que são os mais interessados em experimentar e trabalhar com este tipo de produto, que vai tendo, entre nós, cada vez mais aceitação de mercado.
Ora acontece, que, tentando seguir a moda europeia alguns chefes tentam já no seu pequeno quintal ou horta na varanda, ou nos jardins de escolas de hotelaria, conhecer e abastecer a cozinha com ervas e flores comestíveis, fazendo pontes interessantes entre o jardim e os tachos, mas muitos dos nossos chefes preferem ainda ficar-se só pela cozinha e encomendar as flores para a confeção dos seus pratos a quem delas mais entende.
O cultivo de flores para uso culinário, em Portugal, vai ficando nas mãos de dois ou três produtores no nosso país, a quem aqui devo fazer um verdadeiro elogio por todo o empenho, dedicação, amor e sobretudo muito profissionalismo com que cuidam dos seus amores-perfeitos, calêndulas, centáureas, rosas, cravinas, e muitas outras flores que ela sabe que se comem. Digo ela porque me refiro à minha querida amiga Graça Saraiva das Ervas Finas, mulher incansável, criativa, com um sentido estético e poético do seu trabalho que não deixa ninguém indiferente.
fotos de Fernanda Botelho in agenda 2014 “Plantas medicinais, ervas silvestres e flores comestíveis”
Foi lá que escolhi passar o meu dia de anos, o ano passado em agosto. Confesso que não trabalhei muito, ajudei um pouco na colheita das grandes umbelas das flores de funcho que ia petiscando enquanto as cortava para depois serem desidratadas, algumas, e outras embaladas assim frescas e viçosas para as muitas encomendas que vai tendo de flores frescas. Participei ainda na preparação de rosas de Santa Teresinha para a confeção de uma das suas várias receitas de geleias com flores.
fotos de Fernanda Botelho in agenda 2014 “Plantas medicinais, ervas silvestres e flores comestíveis”
Foi de facto um excelente dia de aniversário com que decidi presentear-me. Vila-Real de Trás-os-Montes não é propriamente perto de Sintra mas valeu a pena a viagem de comboio até ao Porto, e depois pela beira do Douro até à Régua para passar o dia fazendo o que mais gosto: estar no meio das plantas, espreitá-las de perto, até por vezes, sentindo-me um pouco intrusa sempre a apontar-lhes a objetiva numa tentativa de captar a brisa na asa das borboletas que por lá abundam. Escusado será dizer que este hectare cultivado é um pequeno paraíso de biodiversidade graças à não utilização de adubos químicos ou herbicidas. Tudo é conseguido em modo de produção biológico, nem faria sentido que assim não fosse.
Fotografei muito e deixei-me encantar com a delicadeza e exuberância das flores comestíveis que a Graça Saraiva cultiva com tanto carinho e sabedoria nas Ervas Finas de Trás-os-Montes.
Rolo de manteiga com pétalas de calêndula elaborada por Graça Saraiva
Estas flores comestíveis servem não apenas para adornar e embelezar qualquer prato mas também para confecionar doces e geleias, bolos, bolachas, pães e scones, mousses e gelados, saladas de legumes e de frutos molhos doces e salgados, infusões, cocktails e outras bebidas, enfim tudo o que a sua criatividade lhe permitir.
fotos de Fernanda Botelho in agenda 2014 “Plantas medicinais, ervas silvestres e flores comestíveis”
Os cuidados no seu cultivo variam de espécie para espécie, tal como qualquer outra planta ornamental.
E aqui vos deixo uma lista de flores que se podem comer: amores-perfeitos (Viola tricolor), violetas (Viola odorata), borragens, onagra, brincos-de-princesa, bocas-de-lobo, cosmos, chagas ou capuchinhas, calêndulas, centáureas, abutilons, Margaridas (Bellis perenis), pétalas de girassóis, primaveras, flores de trevo, dente-de-leão, flor-de-sabugueiro, flores das Rosáceas (dentre elas as Rosas), das Brassicáceas (mostardas, rúcula, Brócolos, couve-flor, rabanete, nabiças,…) e das Aliáceas (flor de cebolinho, alho oriental, alho-social) e as aromáticas flores das malvas rosa, do jasmim, da madressilva, das cravinas e dos gerânios, do funcho, dos coentros, das hortelãs, dos orégãos, da camomila, do alecrim, rosmaninho e alfazemas, tomilhos e salvas (Salvia elegans, Salvia officinalis, Salvia microfila, Salvia sclarea,…), do manjericão, em diferentes espécies e variedades …
Não se comem aquilégias, nem as flores da família das Convolvuláceas a que pertencem a corriola ou a ipomeia também conhecida por glória-da-manhã, nem a flor da batata-doce nem as Solanáceas, família a que pertencem as batatas, as beringelas, os tomateiros ou as fisális, nem as flores da Hydrangea (Hortencias). As restantes flores tóxicas ficarão para um próximo artigo. Para terminar direi no entanto que são muito mais as que se podem ingerir do que as que são mortalmente tóxicas mas, como é óbvio, é importante saber reconhecê-las. Enquanto esperam pelo livro que estou a germinar com a Graça Saraiva deixo-vos a recomendação destes dois em inglês “Brown, Kathy-Edible flowers, 25 recipes and A-Z picture directory of culinary flora, in 400 beautiful photographs, Reino Unido, Annes Publishing, 2011 e também McVICAR, Jekka, Cooking With Flowers, Kyodo Printing Company, Singapura,1997.
Ora acontece, que, tentando seguir a moda europeia alguns chefes tentam já no seu pequeno quintal ou horta na varanda, ou nos jardins de escolas de hotelaria, conhecer e abastecer a cozinha com ervas e flores comestíveis, fazendo pontes interessantes entre o jardim e os tachos, mas muitos dos nossos chefes preferem ainda ficar-se só pela cozinha e encomendar as flores para a confeção dos seus pratos a quem delas mais entende.
Ora acontece, que, tentando seguir a moda europeia alguns chefes tentam já no seu pequeno quintal ou horta na varanda, ou nos jardins de escolas de hotelaria, conhecer e abastecer a cozinha com ervas e flores comestíveis, fazendo pontes interessantes entre o jardim e os tachos, mas muitos dos nossos chefes preferem ainda ficar-se só pela cozinha e encomendar as flores para a confeção dos seus pratos a quem delas mais entende.
FERNANDA BOTELHO nasceu em Tojeira/Sintra em agosto de 1959.
Aos 18 anos viaja para Londres onde estuda antroposofia e plantas medicinais e pedagogia Montessori.
Fez o curso de guia de jardim botânico com a Alexandra Escudeiros e gostou tanto que repetiu no ano seguinte.
Apaixonada por jardins botânicos, é frequentadora assídua de Kew gardens. Absorve o que vê, fotografando e escrevendo.
Publica anualmente desde 2010 agendas de plantas medicinais, três livros infantis “Salada de flores” “Sementes à solta” e “Hortas aromáticas”. “As plantas e a saúde, guia de remédios caseiros”. É colaboradora do programa Eco-escolas desenvolvendo projetos de plantas medicinais e hortas sustentáveis nos espaços escolares com professores e alunos.
É convidada regular da RTP 1, organiza passeios botânicos e dá workshops sobre plantas medicinais.
Blogue Malva Silvestre.
Bom dia vendem violetas comestiveis ? Era possível venderem a partícular somente preciso 1caixinha….Gosto de cozinhar prinpalmente doces e despertar me 1 interesse por flores comestiveis….bjis Sergio Oliveira
Caro Sérgio!
aconselho-a contactar as “Ervas finas” nesta época não há violetas pois são de inverno, mas vendem amores-perfeitos que são primos das violetas.
Pode também ver o programa da RTP 1 na sexta á tarde onde a Graça Saraiva irá falar da culinária com flores.
Gostei muito do artigo.Ótima prosa e belas fotos.
Cumprimentos.
E. Amaral
Estou a ver o programa na RTP 1,ADOREI ! fiquei fascinada com o que vi, simplesmente Lindo! confesso que fiquei com àgua na boca….
Adorei o artigo. ótimo texto e lindas fotos.
Parabéns
Ola boa noite, tenho um bolo de casamento para dia 7/10/2016, e estou a pensar colocar girassois e gereberas ou margaridas brancas, por opção dos noivos, então pensei me vez de naturais colocar naturais mas comestiveis, será que me pode dar alguma indicação? onde comprar por esxemplo
Obrigado
Catarina Camões
Lindas as flores, os seus usos e possibilidades, estou descobrindo este mundo novo, moro em São Francisco de Paula/RS no Brasil, ao lado de Canela e Gramado!