O Jardim da Gulbenkian acompanham-me desde infância e sempre me suscitou curiosidade e quando o visito descubro sempre algo novo. A luz, a diversidade de plantas, a relação com o elemento água, a ligação à cidade fazem deste espaço algo de único em Portugal.
Nas comemorações dos 50 anos voltei a visitar este espaço verde que, em breve, irá crescer através do projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma.
A luz de Outono na transição para o Inverno confere um visual diferente a este jardim que, para mim, possui grande beleza ao longo de todas as estações do ano…
Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
O início
“…Construído na década de 60, segundo projeto dos arquitetos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles, o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian é um dos jardins mais emblemáticos do movimento moderno em Portugal e uma referência para a arquitetura paisagista portuguesa.
O tipo de desenho baseado numa geometria subtil, que nos oferece espaços e ambiências em vez de eixos, caminhos e canteiros, e a utilização da vegetação rompem internacionalmente com as práticas da época, para celebrar a paisagem portuguesa – de onde provém o verdadeiro Jardim Português. A reprodução de códigos da ecologia da paisagem portuguesa patente na escolha, consociação e localização das espécies vegetais, o diálogo entre a orla e a clareira, a construção do espaço com a luz mediterrânica e o copado das árvores, criam situações, “micropaisagens”, que nos são familiares, não só a nós, humanos, como à fauna silvestre que atrai.
Esta forma de trabalhar o lugar a partir das regras da paisagem é uma característica forte da escola de arquitetura paisagista portuguesa com raízes na escola alemã, e que atinge neste jardim o auge da sua expressão…”Fonte: Fundação Calouste Gulbenkian
Percursos no Jardim – a partir de: Gulbenkian, Arquitetura e Paisagem
Ribeiro Telles propôs-nos três hipóteses: o percurso da luz e da sombra, o percurso do lago e o percurso da orla. Estas três possibilidades de fruição remetem-nos para os temas primordiais do conceito que os projetistas desenvolveram quando foram convidados a projetar o jardim.
Assim, os percursos propostos por Ribeiro Telles, além de nos oferecerem uma vivência do jardim de hoje, propõem-nos também uma viagem, uma incursão, aos conceitos fundadores deste espaço, à história de todo o processo de construção e à história deste lugar.
O arquiteto japonês Kengo Kuma veio a Lisboa explicar o seu projeto de alargamento do Jardim Gulbenkian.
Kengo Kuma esteve em Lisboa no passado dia 10 de dezembro para, numa cerimónia comemorativa do 50º aniversário dos edifícios e Jardim Gulbenkian, falar um pouco mais sobre o projeto de alargamento do Jardim, a ligação ao edifício da Coleção Moderna e ao seu atravessamento. O arquiteto, em conjunto com o paisagista Vladimir Djurovic, foi o vencedor do concurso de ideias para esta expansão.
À margem
Existem dois livros essenciais para tirar o máximo partido de uma visita ao jardim da Gulbenkian:
Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Calouste Gulbenkian Foundation´s Garden: Flora
Ficha técnica
Textos: Raimundo Quintal, aut; Artur Santos Silva, pref; Viriato Soromenho Marques, pref; Virgílio Silva, trad.
Editado: Lisboa, 2014
Páginas: 335
Capa: Brochado
Dimensões: 210×170
ISBN: 978-9899-728-95-0
Preço: 16.67 €
As Aves do Jardim Gulbenkian
Ficha técnica
Textos: João Eduardo Rabaça, aut; João Mateus, pref; Artur Santos Silva, introd; Conceição Candeias, rev; Rui Centeno, rev.
Editado: Lisboa, 2016
Páginas: 160
Língua: Português
Capa: Brochado
ISBN: 978-989-97289-7-4
Loja: Loja Sede – Fundação Calouste Gulbenkian
Preço: 12.50 €
Informações
Jardim Gulbenkian / https://gulbenkian.pt/jardim/
Av. de Berna 45A 1067-001 Lisboa
Tel.: 217 823 000
Horário
Aberto todos os dias do nascer ao pôr-do-sol.
Entrada gratuita
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