Estes foram os quatro temas que os arquitectos Alain Provost e Gilles Clément usaram na concepção deste parque, a transição do urbanismo para o meio rural.
Nos terrenos das antigas instalações da Citroën em Paris, na margem esquerda do rio Sena, erguesse em 1992 um dos marcos do paisagismo europeu, objecto de estudo em muitos cursos universitários continua a ser, apesar de alguma falta de manutenção nos últimos anos, um espaço para ser observado e analisado.
Em 1915, André Citroën construiu sua fábrica nos arredores de Javel que funcionou até a década de 1970, altura em que a indústria automóvel foi transferida para fora de Paris.
Embora se tenha tornado parte do município de Issy-les-Moulineaux, em 1789, a área só se tornou parte do 15 º distrito, durante o Segundo Império. A vila de Javel era na época conhecida pelos seus cafés ao ar livre e pela fabricação de produtos químicos, nomeadamente a lixívia que deu o nome à vila, iniciada pelo Conde d’Artois em 1784.
O sucesso do Conde d’Artois atraiu outras indústrias, como a do engenheiro André Citroën em 1915.
Esta vila, no século XIX, tinha uma área de oitenta hectares na altura e não tinha mais de setenta e cinco habitantes, entre operários e jardineiros.
Os vinte e três hectares que foram, portanto, libertados após a mudança da fábrica da Citroën, foram incluídos na política de urbanização da capital, dando origem ao Parc André Citroën, como homenagem ao fabricante que dedicou parte da sua vida a grandes causas francesas.
Na tradição dos grandes parques
Actualmente o parque tem 14 hectares, situados perpendicularmente ao Sena, na tradição dos grandes parques Parisienses como Champs de Mars e os jardins do Trocadéro.
Idealizado pelos arquitectos paisagistas Alain Provost e Gilles Clément, e pelos arquitectos Patrick Berger, Jean-Paul Viguier e Jodry Francis.
Alain Provost, arquitecto paisagista Francês, trabalhou em projectos como o aeroporto Roissy, o Jardin Diderot, La Courneuve Parc, o Eurotunnel em Calais e o Thames Barrier Park em Londres. Ele foi o responsável pelo supervisionamento de todo o projecto do Parc Citroen assim, com responsável pelo design da zona sul, zona mais perto da paisagem urbana da cidade por isso as sua temáticas foram artifício e arquitectura num design bastante formal, dentro do projecto de todo o parque esta zona é sem dúvida a mais tradicional.
O arquitecto paisagista Gilles Clément, que trabalhou em projectos como Domaine du Rayol e Ficelle em Lausame, tinha apenas um projecto público com o seu nome na altura da competição para o design do Parc Citroën. Ele ficou responsável pela parte norte do parque, que incluía o jardim Branco, a série de 6 jardins dos Sentidos, o jardim do movimento e as duas grandes estufas.
No livro que escreveu em 1999, Le Jardin en movement, de la Vallee au champ via le parc Andre-Citroen, Clément explica a sua filosofia de jardinagem, sobre o movimento das plantas e de como elas se interligam.
No jardim do movimento as plantas são deixadas crescer como querem e nunca são podadas.
As ideias que Gilles Clément tem sobre a maneira como cultivamos a terra e a responsabilidade para com a vegetação e o ambiente que nos rodeia está bem patente na série de seis jardins temáticos. Foram as suas ideias que mais vincaram todo o projecto do Parc Citroën e trouxeram a natureza de volta a uma área muito urbanizada da cidade.
O seu design e experimentalismo surpreendem os visitantes, nunca a poda foi tão importante para o conceito de um parque como no Parc Citroën, os recursos hídricos outro grande ponto forte e essencial no plano geral do parque estão há cerca de dois anos sem funcionar o que parece realmente estranho num espaço desta importância e dimensão, pode-se mesmo assim vislumbrar o que seria se realmente tivessem a funcionar plenamente.
Há já vários anos que o Parc André Citroën tem um enorme balão que monitoriza a qualidade do ar em Paris e leva o público a um passeio de balão de 150 metros em direcção ao céu para uma vista deslumbrante sobre a capital francesa.
Os jardins no Parc Citroën
O Parc Citroën pode ser dividido nos seguintes espaços; o Jardim Branco, o Jardim Negro, relvado central, o Jardim em Movimento, Jardim Metamorfose e os seis jardins temáticos de Gille Clément.
O Jardim Branco com cerca de 1 hectare tem por conceito subjacente ao espaço o caminhar e actividades lúdicas, predominam a vegetação perene e a Gaura ibéria.
O Jardim Negro com 2 hectares tem uma vegetação mais densa, com pinheiros, rododendros e carvalhos.
O relvado central com os seus 11 hectares, que descem até ao rio Sena, é onde muitos dos trabalhadores dos escritórios que rodeiam o parque vêm na sua hora de almoço passear, hoje em dia para muitos paisagistas seria impensável ter um relvado de 11 hectares tanto pela sustentabilidade como pelos custos de manutenção associados.
As duas estufas de grandes dimensões, uma é dedicada à Vegetação Mediterrânea a outra é para exposições temporárias.
No jardim em movimento, um espaço informal com roseiras, arbustos, bambus e flores silvestres, escolhidas pela sua mobilidade crescem livremente. Um jardim que está em perpétua mutação, ele destaca a flora das terras em pousio contrastando com o resto dos jardins vizinhos com estruturas acentuadas e um controlo na plantação.
O Jardim Metamorfose representa a mudança das estações do ano e a transformação alquímica do ouro e chumbo.
Uma série de seis jardins foram projectados por Gilles Clément, cada um deles com um metal, planeta, dia da semana, sentido e estado de água associado:
Jardim Azul; cobre, Vénus, sexta-feira, chuva e olfacto
Jardim Verde; estanho, Júpiter, quinta-feira, nascentes e audição
Jardim Laranja; mercúrio, Mercúrio, quarta-feira, riacho e tacto
Jardim vermelho; ferro, Marte, terça-feira, cascata e paladar
Jardim Prata; prata, Lua, segunda-feira, rio e visão
Jardim Ouro; ouro, Sol, domingo, evaporação e o sexto sentido
A série de seis jardins de Gilles Clément ganham pela dupla visão que se pode ter dos diferentes espaços, tanto se pode caminhar pelo jardim como ter uma visão aérea através da ponte que atravessa todos os jardins temáticos. Este posicionamento em relação aos jardins é importante pela maneira como podemos sentir o espaço de uma forma diferente, as proporções dos canteiros e volumes das plantações tornam-se mais evidentes.
A preocupação pela revitalização dos espaços urbanos nas cidades Francesas na altura era bastante importante, muito mais que um parque todo o projecto ia para além das fronteiras dos jardins, incluindo um hospital, dois hotéis, duas escolas, vários escritórios e apartamentos. A preocupação pela beleza da cidade que se tinha na altura é inspiradora ainda hoje para muitos arquitectos paisagistas.
Em números:
1992 Ano de construção
138.800 m2 área
2000 Árvores
10 Jardins temáticos
2 Estufas
120 Fontes
74 Jactos entre as estufas
2 Paisagistas e 4 arquitectos responsáveis pelo projecto
273×85 metros área do relvado central
Informação:
Morada: Rue St.-Charles 214, 75015 Paris
Abertura: Todos os dias da semana ás 8h30 até ás 17h30 nos meses de Inverno e 22h00 entre 16 de Maio e 31 de Agosto
Entrada: Gratuita
Estações de Metro: Place Balard e Javel
Saiba mais: www.paris.fr
Com o apoio de:
Fonte: Revista Tudo Sobre Jardins
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