Este mês começo por confessar que tinha preparado um tema muito diferente para partilhar convosco. Porém, numa das minhas voltas pelo jardim, deparei-me com as aquilégias (Aquilegia L.) e acabei por não resistir em falar um pouco destas flores, estranhamente adoráveis, e que marcam pela sua diferença.
As aquilégias são também conhecidas por erva-pombinha ou fidalguinhos, entre muitos outros nomes comuns que variam de zona para zona.
Por cá, arrisco a dizer que as aquilégias não são plantas muito conhecidas, a julgar pela pouca quantidade existente nos jardins da ilha. Pontualmente, conseguem-se identificar algumas plantas da espécie mais comum – Aquilegia vulgaris L.
Não quero prolongar-me no texto com uma descrição exaustiva destas plantas, mas deixo-vos o essencial. As aquilégias são herbáceas, perenes, reproduzem-se por semente, estão em flor no final da Primavera e início do Verão e atingem alturas que estão, geralmente, entre os 50 cm e 1 m, quando em floração. As aquilégias têm uma folhagem muito característica e bonita que, por si só, se torna numa excelente cobertura para os espaços mais vazios dos nossos jardins.
As flores não são muito exuberantes quando comparadas com muitas outras típicas da Primavera, mas quando vistas ao pormenor revelam-se autênticas obras de arte. As suas formas remetem-nos para outra dimensão e há quem as ache parecidas com inúmeros animais. Repare que o próprio nome do género – Aquilegia – teve origem na palavra aquila, que em latim significa águia, e isto devido à semelhança das pétalas destas flores com as garras de uma águia.
Enfim, tudo isto associado ao fato de existirem inúmeras cores e formas disponíveis, faz destas plantas uma excelente opção para os nossos jardins.
Cultivo:
As aquilégias são plantas de maneio muito simples. Gostam de um solo rico em matéria orgânica e com uma boa drenagem. Como tal, nós enriquecemos a área onde as colocamos com pedra pomes, para aumentar a drenagem, e com um solo resultante da compostagem que é feita no jardim.
Convém frisar que também as podem cultivar em vasos.
Tratam-se de plantas que preferem zonas de meia sombra, o que torna possível a sua utilização na florestação e embelezamento de áreas povoadas por árvores de grande porte, que impossibilitam a fixação de muitas outras espécies que necessitam de luz direta para sobreviver.
Convém-me salientar a resistência que estas pequenas plantas demonstram em relação às conhecidas pragas que tanto afetam as nossas ornamentais (afídeos, cochonilhas, tripes, ácaros), e devem ter em atenção, também, que as aquilégias só começam a florir a partir do segundo ano, após a sementeira.
Carina Amaral Costa, com 29 anos, é natural da Ilha de São Miguel, Açores.
Concluiu, na Universidade dos Açores, uma licenciatura e mestrado em Agronomia, e desempenha as funções de Eng. Agrónoma no Parque Terra Nostra desde 2012.
Colabora com o Portal do Jardim dando largas ao gosto pela escrita e pela partilha de conhecimentos.
Promete, mensalmente, relatar o seu quotidiano num dos parques mais ricos a nível botânico, abordando conteúdos sobre plantas, técnicas de jardinagem utilizadas, problemas fitossanitários e respetivos tratamentos. Todavia, e perante tamanha diversidade existente no local onde trabalha, os conteúdos a abordar são ilimitados.
Obrigado Carina. Fiquei surpreendida com a quantidade de flores diferentes desta planta.
são plantas muito bonitas e com uma grande variedade. Se as deixar juntas elas cruzam-se e para o ano tem novas cores e formas!
Por cá, pelo continente já se encontram em alguns jardins!