Texto: Fonte SBM – Life Science Fotos: DR
A praga da lagarta-do-pinheiro está a multiplicar-se em Portugal e pode arrasar pinhais inteiros. Com a subida das temperaturas, a processionária-do-pinheiro constitui um grave problema em muitas zonas do país, um fenómeno que se verifica cada ano mais cedo.
Esta praga alimenta-se de qualquer espécie de conífera, como o pinheiro, os cedros ou os abetos, danificando de forma fatal as árvores afectadas. A urticaria provocada pela lagarta-do-pinheiro também é muito perigosa, tanto para crianças como para animais de estimação, pode inclusive ser mortal para os animais. Cada lagarta-do-pinheiro possui cerca de 500 000 pêlos urticantes, que se projectam com facilidade como pequenas setas envenenadas, podendo afectar tanto por contacto directo como por via aérea.
Para combater esta praga é fundamental compreender o seu ciclo de vida, já que devemos actuar de acordo conforme a época do ano na que estamos.
A metade ou mais para o final do verão, as borboletas da processionária põem ovos nas agulhas dos pinheiros. Um mês depois nascem as larvas, que irão alimentar-se activamente das partes ou zonas mais tenras onde se encontram.
Nesta época vêem-se os casulos onde as larvas se protegem do frio (quando as temperaturas não são suficientemente baixas, não se visualizam os casulos clássicos mas as larvas continuam a alimentar-se das partes tenras das árvores). As larvas poderão manter-se nas partes mais altas dos pinheiros, ou descer ao final da tarde à procura de alimento, regressando ao casulo para proteger-se do frio. Quando as larvas estão na parte inferior da árvore, é quando existe maior potencial de perigo, tanto para pessoas como para animais de companhia. O comportamento motivado pela curiosidade normal de um animal, leva-o a cheirar e assim inalar os pêlos urticantes. Além deste perigo as lagartas-do-pinheiro são potencialmente mortais se forem ingeridas.
No final do Inverno começam a aparecer as longas filas de lagartas adultas, sempre lideradas por uma lagarta fêmea. Descem até ao solo para enterrar-se (têm entre 2 e 3 dias para encontrar o local adequado) e iniciar o processo de conversão em mariposa. Esta época adianta-se cada vez mais, devido às alterações climáticas que registam invernos menos rigorosos e longos.
Por esta razão, é possível avistar a processionária já no mês de Fevereiro.
Depois de enterrar-se a largarta-processionária permanece debaixo da terra até meio do Verão, época na qual já em forma de borboleta sai (sobrevive somente 24 horas) para pôr ovos e iniciar o novo ciclo.
Existem diferentes produtos que permitem tratar a praga em cada uma das suas etapas.
Agosto – Outubro – Bacillus Thuringiensis : só produz efeito sobre as larvas. Ao não ser um insecticida sistémico este deve ser aplicado directamente sobre a larva para surtir efeito. Esta ao encontrar-se na parte mais alta do pinheiro complica a aplicação do insecticida. Há que ter em conta também que as larvas que se encontram dentro do casulo, estarão protegidas da aplicação directa do insecticida.
Novembro – Janeiro – insecticida piretroide (Decis Protech): para larvas e lagarta adulta. Tem os mesmos inconvenientes de aplicação que o anterior.
Fevereiro – Abril – Anéis: que rodeiam os pinheiros impedindo a descida das lagartas adultas. No entanto ao tratar-se de uma barreira física que se coloca no tronco principal, cabe a possibilidade de que alguma lagarta caia ao solo desde a parte superior da árvore.
Maio – Junho – Armadilha Processionária Natria-Bayer Garden: de uso fácil basta pendurá-la na árvore e as feromonas que possui, atrairão o macho adulto para que este não fecunde os ovos e assim ajudar a interromper o ciclo. Recomenda-se colocar esta armadilha em Maio/Junho até Novembro e guardá-la para reutilizar na temporada seguinte, basta recarregar com novas cápsulas de feromonas.
Nesta época do ano, recomenda-se este método efectivo para defender contra esta temivel praga.
Vale a pena recordar que mesmo tratando-se de uma problema difícil de erradicar, devemos dificultar a sua propagação no nosso jardim. A combinação das diferentes medidas (de acordo com a fase do ciclo desta praga) oferecer-nos-á maior probabilidade de êxito.
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