Os nossos guias Sérgio Ribeiro e João Maltez foram os anfitriões na visita ao Jardim do Paço Episcopal (ou de S. João Baptista) que foi mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, cerca de 1720, depois da sua chegada de Roma, onde vivera três anos.
A água, como elemento central, presente nas fontes e jogos de água, as 94 estátuas de granito são as de origem e foram feitas por artesãos locais.
Descrição
Espaço verde de recreio. Jardim de estilo barroco constituído por três zonas com tratamento distinto, a área de produção, o bosque e o jardim formal, de inspiração italiana, articulado em várias plataformas, que marcam uma diferenciação espacial, com o jardim de buxo, lagos, pontuações escultóricas, cascatas e escadarias monumentais, espelhos de água de planta retangular ou curvilínea, existindo um complexo programa iconográfico. Complexidade dos jardins, em termos estruturais, de articulação e iconológicos, existindo várias leituras possíveis da articulação entre a temática religiosa, patriótica e alegórica, da estatuária dos jardins, bem como da existência, no topo, de uma cascata geradora de todo o sistema hidráulico, dedicada a Moisés, aquele que fez brotar a água da rocha. Os jardins podem assumir uma leitura religiosa, ligada à própria dedicação dos mesmos, a São João Baptista a meditar no Deserto, revelando que se destinariam à meditação, ou uma leitura cósmica, com a presença dos signos do Zodíaco, as partes do Mundo, as Estações, a ligação entre o Velho e o Novo Testamento; qualquer delas revela o carácter erudito do mentor da obra, o bispo D. João de Mendonça, bem como a influência que este recebeu durante a sua estada em Roma. A Escadaria dos Reis possui a particularidade das estátuas dos monarcas filipinos serem de menor dimensão. As figuras dos reis copiam gravuras da Epítome de Las Histórais Portuguesas (1677), Elogios dos Reis de Portugal (1603) e a Europa Portuguesa (1678), todas existentes na livraria do mentor do jardim, o Bispo D. João de Mendonça. Junto ao terraço central, surge um amplo jardim alagado, de filiação clássica romana. As esculturas são bastante hieráticas, sem grande movimento. Fonte: D.G.P.C.
Enquadramento histórico
Na cultura Ocidental, o conceito bíblico do Éden serviu de matriz, ao longo dos tempos, a inúmeras propostas de jardins. Dai que o jardim seja considerado uma evocação, ainda que imperfeita, do Paraíso na terra.
O Jardim de S. João Baptista – de estilo Barroco – fazia parte de uma vasta e complexa unidade agrária, paisagística e estética que costumava designar-se por “logradouros do Paço Episcopal de Castelo Branco”.
No séc. XVIII, esta unidade era composta por dois olivais, uma vinha, a coelheira (para fins exclusivamente alimentares/gastronómicos), o bosque, as hortas ajardinadas e o jardim propriamente dito – sendo que todo este complexo circundava – e protegia – a residência do bispo.
O Paço serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda e, a partir de 1771 até 1831, aos da recém criada Diocese de Castelo Branco. A partir de 1834 foram instalados vários serviços públicos no Paço e os logradouros conheceram então um abandono sem precedentes. Em 1911, como consequência da Lei da Separação do Estado da Igreja, o Jardim do Paço passa para a tutela da Câmara Municipal, por arrendamento.
No ano seguinte, para comemorar o segundo aniversário da Implantação da República, abre as suas portas ao público no dia 5 de Outubro. Finalmente, em 1919 é comprado e passa a jardim municipal. Fonte: C.M.C.B.
Centro de Interpretação do Jardim do Paço
Desde 2013, o Centro de Interpretação do Jardim do Paço é também a entrada para este espaço.
No Centro, para além de adquirir o bilhete que lhe permite o ingresso no Jardim do Paço, o visitante pode conhecer a história do espaço patrimonial mais emblemático da cidade, observar peças originais que já fizeram parte do Jardim – encontradas durante as diversas investigações e obras de beneficiação que têm sido realizadas – ou adquirir alguma das diferentes obras publicadas sobre o Jardim.
Contactos
Rua Bartolomeu da Costa 6000 – 773 Castelo Branco
Meses de abril a setembro: 09h00-19h00; Meses de outubro a março 09h00-17h00
Geral: 3€; Seniores (+ 65): 1,50€; Grupo (+12): 1,5€; Entrada Gratuita – manhãs (desde a abertura até às 13h00) do 1º domingo de cada mês.
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